Pregado na Igreja de Sr. Matthew, Bethnal-Green
Domingo, 12 de Novembro de 1775
Em benefício das viúvas e órfãos dos soldados, que recentemente tombaram, próximo à Boston, Nova Inglaterra.
'E, vendo Davi ao anjo que feria o povo, falou ao Senhor, dizendo: Eis que eu sou o que pequei, e eu que procedi de modo iníquo; porém estas ovelhas que fizeram? Seja, pois, a tua mão contra mim, e contra a casa de meu pai'. (II Samuel 24:17)-
O capítulo começa: 'E novamente a ira do Senhor inflamou-se contra Israel e fez com que Davi se voltasse para eles e dissesse. Vá, limite Israel e Judá'. 'Novamente'; -- ele se inflamara contra eles, alguns anos antes; em conseqüência do que, 'houve escassez de víveres na terra, durante três anos; ano após ano'. (II Samuel 21:1) 'E houve, nos dias de Davi, uma fome de três anos consecutivos; e Davi consultou ao Senhor, e o Senhor lhes disse: É por causa de Saul e da sua casa sanguinária, porque matou os gibeonitas', até que Davi inquiriu do Senhor, e foi ensinado quanto ao caminho de apaziguá-lo.
Nós não estamos informados, de que maneira particular Israel ofendeu a Deus; por qual motivo Sua ira foi inflamada, mas, meramente, do efeito. (I Crônicas 21:1) 'Ele incitou Davi a numerar a Israel e Judá'. 'Ele', -- e não Deus! Cuide como você imputa isto à fonte do amor e santidade! Não foi Deus, mas satanás que assim incitou Davi. Assim a Escritura paralela expressamente declara: 'E Satanás se levantou contra Israel e incitou Davi a numerar Israel'.
Satanás se levantou diante de Deus, para acusar Davi e Israel, e para implorar a permissão de Deus para tentar Davi. De pé, em regra, é a postura do acusador, diante dos tribunais dos homens; e, portanto, as Escrituras, que usam falar das coisas de Deus, segundo a maneira dos homens, representam satanás, aparecendo nesta postura, diante do tribunal de Deus. -- (II Samuel 24:2) 'Disse, pois, o rei a Joabe, capitão do exército, o qual tinha consigo: Agora percorre todas as tribos de Israel, desde Dã até Berseba, e numera o povo, para que eu saiba o número do povo'.
Não aparece claramente, em que o pecado de assim enumerar as pessoas consistiu. Não existe proibição expressa disto em alguma Escritura, que havia, então, existido. Ainda assim, nós lemos: 'A palavra do rei era abominável para Joabe', que não era um homem de consciência mais cordata, de modo que ele objetou com David, antes de obedecer. 'Joabe respondeu: Por que o meu senhor requer isto?'. Por que ele deverá ser a causa de 'transgressão' – de punição ou calamidade, --'para Israel?'. -- (II Samuel 24:3) 'Então disse Joabe ao rei: Ora, multiplique o Senhor teu Deus a este povo cem vezes tanto quanto agora é, e os olhos do rei meu senhor o vejam; mas, por que deseja o rei meu Senhor este negócio?'.
Deus freqüentemente pune o povo, pelos pecados de seus governantes; uma vez que eles são cúmplices dos pecados deles, em um tipo ou outro. E o Juiz justo aproveita a oportunidade para puni-los por todos os seus pecados. Nisto, Joabe estava certo; porque, depois que eles foram enumerados, fora dito: 'E Deis estava desagradado disto'. Sim, 'o coração de Davi comoveu-se,, e ele disse junto ao Senhor: Eu tenho pecado grandemente no que tenho feito: e agora, imploro a Ti, Oh, Senhor, tire a iniqüidade de teu servo'. -- (II Samuel 24:10) 'E pesou o coração de Davi, depois de haver numerado o povo; e disse Davi ao Senhor: Muito pequei no que fiz; porém agora ó Senhor, eu te peço que perdoes a iniqüidade do teu servo; porque tenho procedido muito loucamente'. E o pecado não se deveu em razão daquilo que fora feito? Ele não pecou no orgulho de seu coração? Provavelmente, do princípio de vaidade e ostentação; não glorificando em Deus, mas no número de seu povo.
Na seqüência, nós nos certificamos que, até mesmo Joabe, fora, uma vez, um verdadeiro profeta: Davi foi a causa de transgressão, de punição para Israel. Seu pecado, acrescido a todos os pecados das pessoas, preencheu a medida de suas iniqüidades. Assim, 'o Senhor enviou uma peste sobre Israel, desde a manhã'; em que Gade, o profeta, deu a Davi sua escolha de guerra, escassez ou peste, 'até à tarde do terceiro dia. E lá morrem setenta mil homens, de Dã até Beersheba. -- (II Samuel 24:15) 'Então enviou o Senhor a peste a Israel, desde a manhã até ao tempo determinado; e desde Dã até Berseba, morreram setenta mil homens do povo'. -- 'E quando Davi viu o anjo que golpeava o povo', -- que surgiu na forma de um homem com uma espada desembainhada em sua mão, para convencê-lo mais completamente de que esta praga veio diretamente de Deus, -- 'ele disse, Olhe, eu tenho pecado, eu tenho feito maldade; mas essas ovelhas, o que elas fizeram?'. -- (II Samuel 24:17) 'E, vendo Davi ao anjo que feria o povo, falou ao SENHOR, dizendo: Eis que eu sou o que pequei, e eu que procedi de modo iníquo; porém estas ovelhas que fizeram? Seja, pois, a tua mão contra mim, e contra a casa de meu pai'.
Não existe, em diversos aspectos, uma semelhança notável, entre o caso de Israel e o nosso próprio? Diversas maldades, então, ocasionaram um castigo geral; e a mesma causa não pode produzir agora o mesmo efeito? Nós igualmente temos pecado, e somos punidos; e, talvez, esses são apenas o começo dos sofrimentos. Talvez, o anjo está agora esticando suas mãos sobre a Inglaterra para destruí-la. Oh, que o Senhor possa, por fim, dizer a ele que destrói: 'É suficiente; tira agora tuas mãos!'. Que aquela maldade é a origem da miséria, poucos negam; ela é confirmada pelo sufrágio geral de todas as épocas. Mas dificilmente nós trazemos isto exatamente para nós mesmos; quando falamos de pecado como a causa da miséria, nós usualmente queremos dizer o pecado de outras pessoas, e supomos que nós sofremos, porque eles pecaram. Mas nós precisamos ir tão longe? Será que as nossas maldades não são suficientemente responsáveis por todos os nossos sofrimentos? Vamos razoavelmente e imparcialmente considerar isto; vamos examinar nossos corações e vidas. Todos sofremos: e todos temos pecado. Mas não será mais proveitoso para nós, cada um de nós considerarmos os próprios pecados, como trazendo sofrimento a si mesmo e aos outros; e dizer: 'Olhe, eu tenho pecado; eu tenho feito perversidade; mas essas ovelhas, o que elas fizeram?'.
I. Vamos inquirir, Primeiro, o que eles sofreram; e, depois,
II. Qual a causa desses sofrimentos.
I
1. Ninguém pode negar que o povo sofre, -- que eles se encontram angustiados, de uma maneira mais do que habitual. Dezenas de milhares estão profundamente afetados pela necessidade de trabalho, no momento. É verdade que esta necessidade, em alguma medida, nas cidades largas e opulentas. Mas isto está longe, muito longe, de ser o caso geral do reino. Na realidade, milhares de pessoas, no oeste da Inglaterra, por toda a Cornwall, em particular, no norte, e, mesmo no interior, estão completamente desempregadas. Conseqüentemente, esses que anteriormente necessitavam de coisa alguma, estão agora necessitando de tudo. Eles estão tão longe da abundância que uma vez desfrutaram, que se encontram na mais deplorável miséria, desprovidos não apenas das conveniências, mas da maioria das necessidades da vida. Não poucas dessas criaturas mineráveis, eu tenho visto a menos que cem milhas de Londres, permanecendo nas ruas com o semblante pálido, olhos fundos, e braços magros; ou se arrastando, acima e abaixo, como sombras caminhantes. Eu conheço famílias, que, poucos anos antes, viviam de uma maneira confortável, distinta, e que, agora, foram reduzidas a nada mais do que a vestimenta sobre o corpo, e o quanto de alimento eles podem juntar no campo. Um ou outro se retira, uma vez ao dia, para pegar os nabos que o gado deixou para trás; que eles fervem, se conseguem alguma lenha, ou do contrário, comem cru. Tal é a falta de alimento que muitos de nossos compatriotas estão hoje reduzidos, pela falta de trabalho!
2. Suficientemente grave, é esta calamidade, que multidões sofrem todos os dias. Mas eu não sei se muito mais não labutam debaixo de uma calamidade ainda mais grave. É uma grande aflição ser desprovido do pão; mas é ainda pior ser desprovido dos nossos sentidos. E este é o caso com milhares e milhares de nossos compatriotas, hoje. Há muitos anos eu tenho visto a pobreza muito difundida (embora em não tão alto grau). Mas uma insanidade tão difundida, eu nunca vi; nem, eu acredito, viu o homem mais velho, hoje vivente. Milhares de pessoas sinceras e honestas estão completamente fora de si, através do veneno que está tão diligentemente espalhado, através de todas as cidades e regiões do reino. Eles estão gritando por liberdade, embora a tenham em suas mãos; embora presentemente a possuam; e, tão grande e extensa, que igual não é conhecida em qualquer outra nação debaixo dos céus; quer queiramos dizer liberdade civil - a liberdade de desfrutar de todas as nossas propriedades legais, -- ou liberdade religiosa - liberdade de adorar a Deus, de acordo com os ditames de nossa própria consciência. Portanto, todos esses que, veementemente, ou tristemente clamam, 'Servidão! Escravidão!', embora não exista mais perigo de alguma coisa assim, do que do céu cair sobre suas cabeças, estão extremamente perturbados; perderam a razão; seus intelectos estão totalmente confusos. Na verdade, muitos desses até têm ultimamente recuperado seus sentidos; ainda assim, multidões ainda permanecem, e estão, sob este aspecto, tão perfeitamente enlouquecidas, como quaisquer dos moradores de Bedlam (asilo para doentes mentais).
3. Que ninguém pense que está é apenas uma pequena calamidade que caiu sobre nossa região. Se você vir, como eu tenho visto, em todos os condados, cidades, e municípios, homens que antes eram de temperamento calmo, equilibrado, amistoso -- loucos, espumando com fúria, contra seus tranqüilos vizinhos; prontos a rasgarem as gargantas uns dos outros, e a cravarem suas espadas uns nos outros; se vocês ouvirem homens que, uma vez, temerem a Deus, e honraram o rei, agora almejarem a mais amarga invectiva contra ele; e prontos, tivessem oportunidade, para a traição e rebelião; você não diria que se trata de um mal pequeno; uma questão menor do momento, mas de um dos mais graves julgamentos que Deus pode permitir cair sobre uma terra culpada.
4. Tal é a condição dos ingleses em casa. E é alguma coisa melhor, fora dela? Eu temo que não. Eu tenho ouvido destes que estão vigilantes que, em nossas colônias, muitos têm feito as pessoas beberem, tão largamente, do mesmo vinho mortal; milhares dos quais são, por meio disto, mais e mais, inflamados, até que suas mentes estejam completamente mudadas, e eles enlouqueçam para todos os intentos e propósitos. A razão se perde na violência; suas vozes ainda pequenas sucumbem no clamor popular. Viúvas caem nas ruas. E onde está o discernimento? Ele dificilmente é encontrado nestas províncias. Aqui está a escravidão; a escravidão real, de fato, mais propriamente assim chamada. Aqui está a escravidão real; não a imaginária: Nem uma sombra da liberdade inglesa restou. Nem mesmo a liberdade de imprensa é permitida, -- ninguém se atreve a imprimir uma página, ou uma linha, a menos que seja exatamente em conformidade com os sentimentos de nossos senhores, o povo, -- mas nenhuma liberdade de discurso. Suas línguas não pertencem a eles. Ninguém se atreve a proferir uma palavra, quer em favor do rei George, ou em desfavor do ídolo que eles estabeleceram, -- um governo novo, ilegal, inconstitucional, extremamente desconhecido para nós, e nossos antepassados. Porque a forma regular, legal, constitucional de governo não existe mais.
Aqui não há liberdade religiosa; nenhuma liberdade de consciência para aqueles que 'honram o rei', e a quem, conseqüentemente, um sentido de obrigação os obriga a defendê-lo das calamidades vis, tornadas públicas contra ele. Aqui não existe liberdade civil; nenhum desfrutar dos frutos de seu trabalho, não mais do que o populacho se agrade. Um homem não tem segurança em seu comércio, em sua casa, em sua propriedade, a menos que ele navegue com a correnteza. Mais do que isto, ele não tem segurança em sua vida, se seu vizinho benquisto tem em mente cortar sua garganta. Porque não existe lei, e nenhum magistrado legal toma conhecimento das ofensas. Existe o abismo de tirania, -- do poder arbitrário, de um lado, e de anarquia, de outro. E, como se isto não fosse miséria suficiente, veja igualmente o monstro cruel, a guerra!
Mas quem pode descrever a miséria complexa que está contida nisto? Ouça com atenção o soar dos canhões! A nuvem pícea cobre a face do céu. Barulho, confusão, terror reinam sobre tudo! Gemidos agonizantes estão por todos os lados. Os corpos dos homens estão perfurados, rasgados, cortados em pedaços; e seu sangue derramado sobre a terra como água! Suas almas levantaram vôo para o mundo eterno; talvez, para a miséria eterna. Os ministros da graça fugiram da cena horrível; os ministros da vingança triunfaram. Tal tem sido, no momento, a face das coisas, nesta que foi uma vez uma terra pacífica e abundante, mesmo enquanto banida de uma grande parte da Europa, sorriu por perto de cem anos.
5. E o que é isto que arrasta estas pobres vítimas para o campo de sangue? Trata-se de um grande espectro, que os ataca à espreita, e que eles são ensinados a chamar de liberdade! É isto que respira em seus corações o terrível amor à guerra, à sede de vingança, e desprezo da morte. A liberdade real, entretanto, é pisoteada, e perdida na anarquia e confusão.
6. Mas quais desses guerreiros consideraram, todo este tempo, a esposa de sua juventude, que é agora uma viúva inconsolável, -- talvez, com ninguém que cuide dela; talvez, desprovida do seu único conforto e apoio, e não tendo onde deitar sua cabeça? Quem considerou seus filhos desamparados, agora órfãos inconsoláveis, -- quem sabe, clamando por pão, enquanto sua mãe tem nada para dar a eles, a não ser suas tristezas e lágrimas?
II
1. E, ainda assim, 'o que essas ovelhas fizeram', para que tudo isto venha sobre elas? Vocês supõem que eles são pecadores, acima de outros homens, porque eles sofrem tais coisas? Eu lhes respondo que não; mas, exceto se vocês se arrependerem, vocês todos irão perecer igualmente. Isto, por conseguinte, nos leva a considerar nossos próprios pecados; -- a causa de todos os nossos sofrimentos. Isto leva cada um de nós a dizer, 'Veja, eu tenho pecado; eu tenho cometido iniqüidades'.
2. O tempo não seria suficiente, pudéssemos enumerar todas as formas, em que temos pecado; mas em geral isto é certo: -- o rico, o pobre, o alto, o baixo têm se desviado do seu mandamento terno. As correntezas da maldade têm dominado, e o dilúvio de toda a terra culpada: pessoas e sacerdotes, mergulhados no pecado, e o Tofete abre-se para recolhê-los. –
(Jeremias 7:30-34) 'Porque os filhos de Judá fizeram o que era mau aos meus olhos, diz o Senhor; puseram as suas abominações na casa que se chama pelo meu nome, para contaminá-la. E edificaram os altos de Tofete, que está no Vale do Filho de Hinom, para queimarem no fogo a seus filhos e a suas filhas, o que nunca ordenei, nem me subiu ao coração. Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que não se chamará mais Tofete, nem Vale do Filho de Hinom, mas o Vale da Matança; e enterrarão em Tofete, por não haver outro lugar. E os cadáveres deste povo servirão de pasto às aves dos céus e aos animais da terra; e ninguém os espantará. E farei cessar nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, a voz de gozo, e a voz de alegria, a voz de esposo e a voz de esposa; porque a terra se tornará em desolação'.
Quão inumeráveis são as violações da justiça em meio de nós! Quem não adota a máxima: 'Se você pode ganhar dinheiro honestamente, faça-o; mas de qualquer forma, ganhe dinheiro'.
Onde a misericórdia é encontrada, se ela se opõe aos interesses? Quão poucos terão escrúpulos para uma consideração valorosa, e oprimirão a viúva e o órfão? E onde podemos encontrar a verdade? Engano e fraude não saem de nossas ruas. Quem é aquele que fala a verdade de seu coração? Cujas palavras são um retrato de seus pensamentos? Onde está ele que 'colocou fora todas as mentiras', que nunca fala o que ele não quer dizer? Quem está envergonhado disto? De fato, uma vez foi dito, e até mesmo por um político: 'Todas as outras maldades tem tido seus patronos; mas a mentira é uma maldade tão abjeta, tão abominável, que, nunca se encontrou alguém que ousasse abertamente a advogar por ela'. Alguém poderia imaginar que esse escritor viveu em uma Corte de Justiça? Sim, e isto no século atual? Ele mesmo, então, assim como todos os seus irmãos políticos, advogaram um comércio de mentira deliberada? Ele não advogou a inocência; sim, a necessidade de empregar espiões? – a mais vil raça de mentirosos, debaixo do sol? Ainda assim, que, alguma vez, teve escrúpulos de usá-los, a não ser o Lorde Clarendon?
3. Ó, verdade, para onde fugiste tu? Quão poucos têm alguma familiaridade contigo! Nós continuamente não dizemos mentiras para nada, sem obter, por meio disto, quer proveito ou prazer? Nossa linguagem comum não está sempre repleta de falsidades? Há mais de cem anos o poeta queixou-se: nunca mais foi um bom dia, desde que a famigerada bajulação foi chamada de elogio.
O que ele teria dito, se tivesse vivido um século mais tarde, quando aquela arte foi levada à perfeição?
4. Talvez, exista uma evidência palpável disto, a que não se presta atenção usualmente. Se você culpa um homem, em muitos aspectos, ele não é muito afrontado. Mas se você diz que ele é um mentiroso, ele não vai suportar isto; ele atira imediatamente. Por que? Porque um homem pode suportar ser culpado, quando ele está consciente de sua própria inocência. Mas, se você diz que ele é um mentiroso, você toca na ferida: ele é culpado, e, portanto, não pode suportar isto.
5. Existe um caráter mais desprezível do que mesmo aquele de um mentiroso? Talvez, exista; até mesmo aquele de um epicurista. E nós não somos uma geração de epicuristas? Não é nossa barriga nosso deus? Não é o comer e o beber nosso principal deleite; nossa mais sublime felicidade? Não é o principal estudo (eu temo, o único estudo) de muitos homens honrados, proporcionar maior prazer ao paladar? Quando a luxúria (não com respeito à comida apenas, mas ao vestir, mobiliar, equipar) foi levada para tal altura, na Grã Bretanha, desde que ela se tornou uma nação? Nós temos recentemente estendido o império britânico, quase por todo o globo. Nós temos levado nossas coroas para a África, Ásia, para os climas quentes e gelados da América. E o que temos levado para lá? Toda a distinção de maldade, que tanto o mundo oriental, quanto ocidental, podem proporcionar.
6. A luxúria é constantemente o parente da indolência. Todo glutão irá, no devido tempo, ser um parasita. Quanto mais carne e bebida ele devora, menos gosto ele terá pelo trabalho. Esta degeneração dos britânicos, dos seus antepassados equilibrados, ativos, foi falada a respeito no último século. Mas, se o Sr. Herbert, então disse: Ó, Inglaterra, cheia de pecados, mas a maioria de indolência! O que ele teria dito agora? Observe a diferença entre o último e o século presente, apenas em uma instância singular: No século passado, o Parlamento usou se reunir 'às cinco horas da manhã'. Pudessem esses britânicos olhar para fora de suas sepulturas, o que eles pensariam da presente geração?
7. Permita-me tocar, em um artigo mais, em que, de fato, nós excedemos todas as nações sobre a terra. Nenhuma nação, debaixo da abóbada celeste pode competir com a profanação inglesa. Tal negligência total, e tal desprezo extremo para com Deus são encontrados em todas as partes. Em nenhuma outra rua, exceto na Irlanda, você pode ouvir, de um lado: O juramento horrível; o amaldiçoar medonho. A mais recente arma da guerra miserável. E a blasfêmia, a triste companheira do desespero!
8. Agora, que cada um de nós coloque sua mão no coração e diga, 'Senhor, este sou eu? Eu tenho acrescido a esta inundação de iniqüidade e profanação, e, por meio disto, à miséria de meus compatriotas? Eu sou culpado em alguma das circunstâncias precedentes? E eles não sofrem, porque eu tenho pecado?'. Se nós temos alguma ternura no coração, misericórdia e alguma simpatia para com o aflito, que prossigamos neste pensamento, até que estejamos profundamente conscientes de nossos pecados, como uma grande causa do sofrimento deles.
9. Mas agora que a calamidade começou, e tem causado muitas destruições, ambos na Inglaterra e América, o que podemos fazer, com o objetivo de que ela possa ser cessada? Como nós podemos permanecer 'entre o vivo e o morto?'. Existe algum caminho melhor de reverter a ira de Deus, do que aquela prescrita por Tiago: 'Limpem seus corações, vocês pecadores; e purifiquem seus corações, vocês irresolutos?'. Primeiro, 'Limpem suas mãos'. Que vocês coloquem fora, imediatamente, o mal de seus feitos. Instantaneamente, fujam do pecado; de toda palavra e obra diabólica, como da face da serpente. 'Que nenhuma comunicação corrupta saia de suas bocas'; nenhuma falta de misericórdia; nenhuma conversa sem proveito. Que nenhuma fraude seja encontrada em suas bocas: Falem a cada homem a verdade de seu coração. Renunciem a cada maneira de ação, embora vantajosa, que seja tanto contrária à justiça quanto à misericórdia. Façam a cada um como, em circunstâncias paralelas, vocês gostariam que fosse feito a vocês. Sejam sóbrios, equilibrados, ativos; em toda palavra e obra; trabalhem para ter uma consciência que evite a ofensa, em direção a Deus, e em direção ao homem. A seguir, através da Onipotente graça Dele que amou a vocês, e deu a Si mesmo por vocês, 'purifiquem seus corações, pela fé'. Não sejam mais obstinados, hesitando entre a terra e o céu; esforçando-se para servirem Deus e a Mammom. Purifiquem seus corações do orgulho, -- humilhem-se, debaixo da mão poderosa de Deus; de toda ira, ressentimento, amargura, que, agora, especialmente, irá facilmente assolar vocês; de todo preconceito, idolatria, mesquinhez de espírito; da impetuosidade, e da impaciência da contradição; do amor à disputa, e de cada grau de temperamento desapiedado ou implacável. Em vez dessa sabedoria terrena, diabólica, permitam que 'a sabedoria do alto' mergulhe profundo em seus corações; aquela 'sabedoria' que 'é, a princípio, pura', então, 'pacífica, fácil de ser suplicada', -- convencida, persuadida ou satisfeita, -- 'cheia de misericórdia e bons frutos'; 'sem parcialidade'. – abraçando todos os homens; 'sem hipocrisia'; genuína e sincera. Agora, se alguma vez, 'coloquem fora toda malícia, todo clamor' (insulto), 'e toda maledicência: sejam educados uns com os outros'; para com todos os irmãos e compatriotas, -- 'bondosos de coração', com todos que estão angustiados; 'perdoando um ao outro, assim como Deus, por causa de Cristo, perdoou vocês'.
10. E 'agora permitam que meu conselho seja aceito' por vocês; por cada um de vocês, presentes diante de Deus. 'Cessem seus pecados, pelo arrependimento; e suas iniqüidades, mostrando misericórdia para com o pobre, se isto puder ser um prolongamento de sua tranqüilidade', -- daquele grau dela que ainda permanece em meio a vocês. Mostrem misericórdia, mais especialmente, às pobres viúvas, aos órfãos desamparados, aos seus compatriotas, que são agora contados entre os mortos, que tombaram, na terra distante. Sabem, vocês, que o Senhor poderá, ainda assim, ser suplicado; irá acalmar a loucura do povo, irá extinguir as chamas da contenção, e soprar, junto a todos, o espírito de amor, unidade, e concórdia? Então, irmãos, não ergam suas espadas contra irmãos; nem eles conheçam mais a guerra. Assim, a plenitude e a paz florescerão em nossa terra, e todos os habitantes dela serão agradecidos pelas bênçãos inumeráveis que eles desfrutam, e deverão 'temer a Deus, e honrar o rei'.
Londres, 7 de Novembro de 1775
[Editado por George Lyons at Northwest Nazarene College (Nampa, ID), para a Wesley Center for Applied Theology.]
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