Pregação feita na St. Mary´s Oxford – Diante da Universidade – em 18 de Junho de 1738
“Pela graça, estão todos salvos pela fé”. Eph. 2:8.
1. Todas as bênçãos as quais Deus tem concedido ao homem são da mera graça dele: generosidade, ou favor; seu livre e, completamente, imerecido favor; homem que não tem nenhuma reivindicação para a menos importante das suas clemências.
Foi pela livre graça que “formou o homem do pó do chão, e soprou nele uma alma vivente”, e estampou naquela alma a imagem de Deus, e “colocou todas as coisas debaixo dos seus pés”.
A mesma livre graça continua em nós, até nossos dias: vida, respiração, e todas as coisas. Porque não há nada do que somos, ou temos, ou fazemos, que pode merecer a menor coisa das mãos de Deus. "Todos nossas obras, Tu, Ó Deus, tem forjado em nós". Esses são muito mais exemplos da sua livre clemência: e, mesmo que qualquer retidão possa ser encontrada no homem, esse é também um dom de Deus.
2. Que recursos, então, deve um homem pecador expiar para qualquer dos seus menores pecados? Com as próprias obras? Não. Sejam elas tantas ou santas, elas não são dele, mas de Deus. Mas, de fato, os homens são todos profanos e pecadores, por eles mesmos, então, cada um deles precisa de uma nova expiação.
Apenas frutos corruptos crescem em uma árvore corrupta. E seu coração é completamente corrupto e abominável; criatura “para alcançar a glória de Deus”, a gloriosa justiça, primeiramente impressa na sua alma, depois da imagem de seu grande Criador. Dessa forma, tendo nada, nem retidão, nem obras, a pleitear, sua boca é totalmente calada diante de Deus.
3. Se mesmo pecadores encontram favor com Deus, isto é “graça pela graça!” Se Deus concede ainda verter novas bênçãos em nós, ou seja, a maior de todas as bênçãos, salvação, o que podemos dizer dessas coisas, a não ser “Graças seja para com Deus por seu inexprimível dom!”.
E, portanto, assim é... “Deus confiou seu amor para conosco, por isso, enquanto éramos ainda pecadores, Cristo morreu”, para nos salvar “pela Graça”. Dessa forma, “somos salvos através da fé”. Graça é a fonte, fé a condição de nossa salvação.
Agora, que não alcançamos a graça de Deus, cabe-nos cuidadosamente inquirir. –
I. Que fé é essa, pela qual somos salvos.
II. Que salvação é essa pela fé.
III. Como podemos responder algumas objeções.
I. Que fé é essa, pela qual somos salvos.
1. Não é apenas a fé do pagão.
Agora, Deus exigiu do pagão que acreditasse. “Que Deus é quem recompensa os que diligentemente O busca”; e que Ele será buscado glorificando-O como Deus, e dando a Ele graças por todas as coisas, e pela cuidadosa prática da virtude da moral, da justiça, misericórdia, e verdade, para com as suas criaturas. O Grego ou Romano, por conseguinte, sim, a Scythian ou Indian; não teriam desculpas, se não acreditassem tanto: na criatura e atributos de Deus, um estado futuro de recompensa e castigo, a natureza obrigatória da virtude moral. Porque isso é apenas a fé do pagão.
2. Nem essa é a fé do diabo.
Mesmo porque, a fé do diabo vai muito além da do pagão, uma vez que ele acredita que há um Deus sábio e poderoso, gracioso para recompensar e justo para punir; mas que também Jesus é filho de Deus, o Cristo, o Salvador do mundo. E, assim, encontrarmos ele declarando, em termos expressos, “Eu conheço, Tu, que sois, o Santo Deus”.
(Lucas 4:34) “Ah! Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste a destruir-nos? Bem sei quem és: O Santo de Deus”.
Tampouco podemos duvidar de que esse espírito infeliz acredita em todas essas palavras que vêm da boca do Santo Deus, e, que tudo quanto foi escrito pelos santos homens antigos, sendo que dois deles foi compelido a dar aquele testemunho glorioso:
"Esses homens são os servos do mais alto Deus, que mostra a você o caminho da salvação". Assim, o grande inimigo de Deus e do homem acredita, e treme acreditando: - Que Deus foi feito manifesto na carne; que ele “porá todos os inimigos debaixo dos seus pés"; e que "toda a Escritura foi dada pela inspiração de Deus". Assim tão longe, vai a fé do diabo.
3. A fé pela qual somos salvos, no significado da palavra que será explicada daqui por diante, nem chega perto daquela que os Apóstolos tiveram, enquanto Cristo ainda estava na terra.
Porque eles acreditaram tanto nele, a ponto de “deixarem tudo e segui-lo”; embora tivessem poder para realizar milagres, “curar toda a forma de enfermidades, e todas as formas de doenças”; sim, eles tinham “poder e autoridade sobre todos os males”, e, além de tudo isso, foram enviados pelo seu Mestre para “pregar a palavra em todo o reino de Deus”.
4. Que fé é essa, então, pelo qual somos salvos?
Em geral, pode ser respondido, primeiro, como sendo a fé em Cristo: Cristo, e Deus através de Cristo; estes são os objetos próprios dela. Assim, sendo suficientemente e absolutamente distinguida da fé, tanto do ancião, quanto do pagão moderno. E sendo completamente distinta da fé do diabo, que é puramente especulativa, racional, fria, consentimento inanimado, uma seqüência de idéias da mente; mas também uma disposição do coração. Como dizem as escrituras:
“Com o coração o homem acreditou na justiça”, e, “E se confessares com a tua boca o Senhor Jesus, e acreditares no teu coração que Deus o levantou da morte, então serás salvo”.
5. E, nisso, ela difere da fé o qual os Apóstolos tiveram, enquanto nosso Senhor estava na terra, e reconhece a necessidade e mérito de sua morte, e o poder de sua ressurreição. Reconhece a sua morte, como sendo o único meio de redimir o homem da morte eterna, e sua ressurreição, como nossa restauração para a vida e imortalidade; já que ele "foi entregue pelos nossos pecados, e subiu novamente aos céus para nossa justificação".
A fé cristã é, então, não só um reconhecimento de todo o evangelho de Cristo, mas também a completa confiança no sangue de Cristo; a confiança nos méritos da sua vida, morte, e ressurreição; e inclinação a ele como nossa expiação e nossa vida, que foi dada por nós, e vivendo em nós, e, em conseqüência a isto, o fim com ele, e mantendo-se fiel a ele, como nossa “sabedoria, retidão, santificação e redenção”, ou, em uma palavra, nossa salvação.
II. Que salvação é essa, pela fé.
1. O que quer que isso implique, é a presente salvação. É algo atingível. Atualmente atingida, na terra, por aqueles que são participantes dessa fé. Sobre isso falou o apostolo aos crentes em Efésios, e neles aos crentes em todos os tempos: não, podemos ser (se bem que isso também é verdadeiro), mas “somos salvos pela fé”.
2. Somos salvos pela fé (para incluir tudo em uma palavra): do pecado. Essa é a salvação que é pela fé. Esta é aquela grande salvação predita pelo anjo, antes que Deus trouxesse seu Primogênito ao mundo: “Chamarás a ele pelo nome de Jesus, porque ele deverá salvar seu povo de seus pecados”. E nem aqui, ou em qualquer outra parte dos escritos santos, há qualquer limitação ou restrição. A todo seu povo, ou como é expresso em todo lugar, “todo aquele que acredita nele”, ele salvará dos seus pecados; desde o original até o atual, passado e presente pecado, “da carne e do espírito”. Pela fé nele, eles estão salvos tanto da culpa quanto do poder dela.
3. Primeiro: Da culpa de todo o pecado passado, considerando que todo mundo é culpado diante de Deus;
a tal ponto, que Ele deveria "ser rigoroso para colocar um sinal naquele que se extraviou; não há ninguém que poderia suportar isso”;
e, considerando que, “pela lei está apenas o conhecimento do pecado, mas nenhuma libertação dele, cumprindo as ações da lei, nenhuma carne poderia ser justificada nesse sinal”;
agora, “a justiça de Deus, o qual é pela fé em Jesus Cristo, é manifestada a todo aquele que crê”.
Assim sendo, “todos estão livremente justificados pela sua graça, através da redenção que está em Jesus Cristo”.
“Ele, Deus, estabeleceu ser uma propiciação através da fé em seu sangue, para declarar sua retidão para (ou pela) remissão dos pecados que são passados".
Agora, Cristo lançou fora “a maldição da lei, tendo sido feito maldito por nós”.
Ele “destruiu a escrita da lei que estava contra nós, lançou-a fora do caminho, pregando-a em sua cruz”.
“Assim, não há condenação alguma àqueles que crêem em Cristo Jesus”.
4. E, sendo salvo da culpa, eles são salvos do medo. Não realmente de um medo de filho, de ofender; mas medo de servo; todo aquele medo servil que maquina tormento; medo do castigo; medo da ira de Deus, mas a quem eles agora já não consideram como um Mestre severo, e, sim, um Pai complacente.
"Eles não receberam o espírito de escravidão novamente, mas o Espírito de adoção, por meio de qual eles clamam, Abba, Pai: o próprio Espírito que é também paciente testemunha de seus espíritos, porque eles são as crianças de Deus".
Eles são também salvos do medo, entretanto, não da possibilidade da queda longe da graça de Deus, e de alcançar as grandes e preciosas promessas. Assim, tenham eles "paz com Deus, através de nosso Senhor Jesus Cristo. Eles se regozijam na esperança da glória de Deus. E o amor de Deus é derramado em seus corações, pelo Espírito Santo que é dado a eles".
E, por meio disso, eles são persuadidos (entretanto, talvez, não todo o tempo, nem com a mesma abundância de persuasão), que “nem morte, nem vida, nem coisas presentes, nem coisas para vir, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura, poderá ser capaz de separa-los do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor".
5. Novamente: por esta fé eles são salvos do poder de pecado, como também da culpa dele. Assim o Apóstolo declara, "Sabemos que ele foi manifesto, para lançar fora nossos pecados; e, Nele, não está o pecado. Assim, todo aquele que habita Nele não terá pecado”.
(1 John 3:5) “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”.
Novamente: "Pequenas crianças, não deixem homem algum enganá-los. Aquele que comete pecado é do diabo. Todo aquele que crê é nascido em Deus. E todo aquele que é nascido em Deus não comete pecado; e sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque ele é nascido em Deus”.
Mais uma vez: "Nós sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não tem pecado; mas ele que é procriado de Deus defende a si mesmo, e aquele que é pecaminoso não tocará Nele”.
(1 John 5:18) “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam mata-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”.
6. Aquele, que é pela fé, nascido de Deus, não peca.
(1) por qualquer pecado habitual; porque todo pecado habitual é pecado reinando: Mas pecado nenhum reina naquele que crê.
(2) Por qualquer pecado intencional; porque sua vontade, enquanto habita na fé, é completamente colocada contra o pecado, e tem aversão a ele como a um veneno mortal.
(3) Por qualquer desejo pecador; porque ele continuamente desejou a santa e perfeita vontade de Deus, e qualquer tendência a um desejo profano, ele, pela graça de Deus, persistiu no princípio.
(4) Nem pecou por fraqueza, tanto em ações, palavras, ou pensamento; porque suas fraquezas não coincidem com sua vontade; e, sem isso, eles não são propriamente pecados. Assim, “ele, que é nascido em Deus, não comete pecado”; e, embora ele não possa dizer que não tem pecado, até agora, “ele não pecou”.
7. Esta é, então, a salvação que é através da fé, até mesmo, no mundo presente: a salvação do pecado, e as conseqüências do pecado, ambos freqüentemente expressos na palavra justificação; que, levada num sentido mais amplo, implica na libertação da culpa e castigo, pela expiação de Cristo; de fato, aplicada à alma do pecador, que, agora, acredita nele; e a libertação do poder de pecado, através de Cristo, moldado em seu coração. De forma que ele está assim justificado, ou salvo pela fé, e é, deveras, nascido novamente - nascido novamente pelo Espírito - a uma nova vida, o qual “é encoberto com Cristo em Deus”.
E, como um bebê recém-nascido, ele recebe o “verdadeiro leite da palavra, e, desse modo, cresce”; seguindo adiante no poder do Senhor seu Deus, de fé em fé, de graça em graça, até o fim, para que se torne “um homem perfeito, na medida da estatura da abundância de Cristo”.
III. A primeira objeção habitual para isto é...
1. Que pregar salvação ou justificação, pela fé apenas, é pregar contra a santidade e boas obras. Para a qual uma pequena resposta poderia ser dada: “Assim, seria, se nós falássemos, como alguns fazem, de uma fé que estava separada disso; mas nós falamos de uma fé que não é assim, mas produto de todas as boas obras, e toda a santidade”.
2. Mas pode ser de uso considerar isto um pouco mais; especialmente, desde que isso não seja alguma objeção nova, mas, tão velha, quanto no tempo de Paulo. Quando, então, foi perguntado: “Não fazemos nula a lei, através da fé?”. Ao que respondemos:
1o. Aquele que não prega a fé, obviamente, torna a lei nula; tanto diretamente como grosseiramente, pelas limitações e comentários que corroem todo o espírito do texto; ou indiretamente, não mostrando os únicos significados, por meio dos quais, é possível executá-la.
2o. Considerando que, “nós estabelecemos a lei”, tanto mostrando toda sua extensão, como significado espiritual; e chamando a todos para esse modo de vida, por meio do qual “a justiça da lei possa ser cumprida neles”. Estes, enquanto eles confiam somente no sangue de Cristo, cumprem todas as leis que ele designou, fazem todas as “boas obras, as quais ele preparou anteriormente, para que pudessem caminhar nelas”, e desfrutam e manifestam todo temperamento santo e divino, com a mesma franqueza que havia Cristo Jesus.
3. Mas não pregar essa fé, conduz os homens ao orgulho? Acidentalmente, é possível: Por isso, todo crente deve ser fervorosamente acautelado, nas palavras do grande Apóstolo:
"Por causa da incredulidade”, os primeiros galhos “foram quebrados: tu permaneceste pela fé”. Não seja magnânimo, mas tema. “Se Deus não tivesse poupado os galhos naturais, tomado cuidado, temo que ele não teria poupado a árvore”.
Vejam, então, a bondade e severidade de Deus! Naqueles que caíram, severidade; mas, em relação à árvore, misericórdia; “se continuares em sua misericórdia; caso contrário, tu também poderás ser cortado”.
E enquanto ele continua, desse ponto, ele lembrará daquelas palavras de Paulo, prevendo e respondendo a esta mesma objeção...
(Ro 3:27) “Onde está, logo, a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não! Mas pela lei da fé”.
Se o homem é justificado pelas suas obras, ele teria do que se gloriar? Mas não há glória para ele “que não trabalhou, mas acreditou Nele que justificou ao ímpio”
(Ro 4:5) “Mas, àquele que não pratica; porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”.
Do mesmo efeito são as palavras, ambas precedendo e seguindo o texto:
(Efe 2:4ff) “Mas Deus, que é rico em clemência, pelo muito amor com que nos amou, até mesmo quando estávamos mortos em pecado, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus”.
De vocês mesmos vieram nem sua fé, nem sua salvação. “Isso é um presente de Deus”, o livre, imerecido presente; a fé, através do qual vocês são salvos, tanto quanto a salvação pela qual ele, de seu próprio prazer, seu mero favor, anexa, além disso.
Que acreditemos, é uma instância de Sua graça; que acreditando seremos salvos.“Não pelas obras, para que não qualquer homem possa se vangloriar”. Todas as nossas obras, e nossa retidão, antes da nossa crença, tinham mérito nenhum, perante Deus, mas condenação. Tão longe estávamos de merecermos fé, que, quando dada, não era pelas obras. Nem é salvação das obras o que fazemos, quando acreditamos, uma vez que é Deus que trabalha em nós; dessa forma, ele nos deu uma recompensa por aquilo que ele mesmo realizou, não só, confiando as riquezas de sua misericórdia, mas não nos deixando do que nos gloriarmos.
4. “Porém, falando dessa forma da clemência de Deus, salvando e justificando livremente o homem pela fé, pode encorajar os homens ao pecado? Realmente, pode, e vai”:
Muitos continuarão em pecado para que a graça possa abundar ": Mas o sangue deles está sobre suas próprias cabeças. A bondade de Deus deve conduzi-los ao arrependimento; e, assim, todos aqueles que são sinceros de coração. Quando eles souberem que ainda há perdão com Ele, eles clamarão em voz alta, para que ele destrua também seus pecados, pela fé que está em Jesus. E, se eles fervorosamente clamarem, e não desfalecerem, se o buscarem em todos os significados que ele designou; se, se recusarem a ser confortados, até que ele venha; “ele virá, e não irá demorar-se”.
E ele pode fazer muitas obras, em muito pouco tempo. Muitos são os exemplos, nos Atos dos Apóstolos, de que Deus está trabalhando a fé, nos corações dos homens, até mesmo como um raio que cai do céu. Assim, na mesma hora que o Paulo e Silas começaram a orar, o carcereiro se arrependeu, acreditou, e foi batizado; como foram três mil, através de Pedro, no dia de Pentecostes, e todos se arrependeram e acreditaram, na sua primeira pregação. E, abençoado seja Deus, há, agora, muitas provas vivas de que ele ainda "é poderoso para salvar".
5. Ainda para a mesma verdade, colocada de uma outra maneira, uma objeção bastante contrária é feita: "Se, o homem não pode ser salvo por tudo aquilo que ele pode fazer, isto levará os homens a se desesperarem”.
Verdade. A se desesperarem, por terem sido salvos por suas próprias obras, seus próprios méritos, ou retidão. E assim deve; porque ninguém pode confiar nos méritos de Cristo, já que ele renunciou totalmente aos dele. Aquele que “ocorreu de firmar a sua própria retidão”, não pode receber a retidão de Deus. A retidão a qual é pela fé não pode ser dada a ele, enquanto confiar no que é da lei.
6. Mas isso, alguns dizem, é uma doutrina incômoda.
O diabo falou como ele mesmo, isso é, sem verdade ou vergonha, quando ele ousou sugerir isso aos homens que é desse jeito. Isso é a única coisa confortável, é “muito cheia de consolo”, a todo autodestruídos, autocondenados pecadores. Que, “quem quer que acredite Nele não será envergonhado, e que o mesmo Senhor sobre todos é rico a todos aqueles que O clamarem”: aqui está o consolo, alto como o céu, mais forte que a morte! O que! Misericórdia a todos? Para Zacchaeus, o ladrão público? Para Maria Madalena, uma rameira comum?
Impessoal, eu ouço um dizer “Então eu, até mesmo eu, posso esperar por clemência!". E, também, tu podes, tu que és aflito, que ninguém tem confortado! Deus não lançara fora tua oração. Não. Talvez ele possa dizer na próxima hora – “Tenha boa disposição de ânimo, teus pecados te foram perdoados”; tão perdoados, que eles não reinarão mais obre ti; sim, e que “o Espírito Santo prestará testemunho com teu espírito, porque tu és a criança de Deus”.
Ó, gratas notícias! Notícias de grande alegria que é enviada a todas as pessoas! Oh! A todas aquelas que estão sedentas, venham até as águas: Venham, sim, e comprem, sem dinheiro e sem preço. Quaisquer que sejam seus pecados, ainda que vermelho como carmesim, ainda que em maior quantidade que os cabelos em sua cabeça, “retorne, sim, ao Senhor, ele terá clemência sobre você, e, para nosso Deus, porque ele perdoará abundantemente”.
7. Quando não mais objeções ocorrem, então, nos é simplesmente dito que salvação pela fé não deve ser pregada, como primeira doutrina, ou, pelo menos, não ser pregada a todos. Mas, o que disse o Espírito Santo? “Outra fundação nenhum homem pode assentar, senão essa que já está assentada; nem mesmo Jesus Cristo”. Então, que “quem quer que acredite nele deverá ser salvo”, é, e deve ser, a fundação de toda nossa pregação; isto é, precisa ser pregada, como primeira doutrina. “Bem, mas não a todos” (?)
A quem, então, não podemos pregar? Quem excluiremos?
• Os pobres? Não! Eles têm o direito peculiar de ter o evangelho pregado até eles.
• O iletrado? Não! Deus tem revelado essas coisas até iletrados e ignorantes, desde o princípio.
• O jovem? Por nenhuma razão! “Que esses padeçam”, de modo algum, “para virem até Cristo, e não proibi-los”.
• Os pecadores? Menos que todos! “Cristo não veio chamar os íntegros, mas aos pecadores para o arrependimento”.
Porquê, então, se nenhum, excluirmos o rico, o instruído, o honrado, homens de bem. E, isso é verdade, eles também se excluem muito freqüentemente de ouvir; ainda assim, temos que falar as palavras de nosso Senhor. Porque, desse modo, o teor de nossa incumbência escapa, “Vá e pregue o evangelho a toda criatura”. “Se qualquer homem arranca isso, ou qualquer parte disso, para sua destruição, ele terá que suportar o próprio fardo”. Mas, ainda, “como o Senhor viveu, o que quer que o Senhor tenha nos dito, disto falaremos”.
8. Neste momento, mais especialmente, falamos que, “pela graça estamos salvos, através da fé”: porque, nunca foi a manutenção dessa doutrina, mais oportuna do que tem sido até esse dia. Nada, mas isto pode eficazmente prevenir o aumento da ilusão dos Romish entre nós.
É, sem fim, atacar, um por um, todos os erros daquela Igreja. Mas salvação pela fé fulmina na raiz, e tudo cairá imediatamente, onde isto está estabelecido. Foi essa doutrina, a que nossa Igreja chama justamente de rocha forte e fundação da religião cristã, que primeiro dirigiu Popery fora desses reinos; e só isto pode mantê-la de fora. Nada, mas isso pode ser um obstáculo àquela imoralidade, a qual “tem se espalhado na terra como inundação”. Você pode esvaziar as profundezas, gota a gota? Então, você pode nos reformar pela dissuasão das imoralidades individuais.
Mas deixe a “retidão que é de Deus pela fé, ser trazida para dentro, e, então, seus acenos orgulhosos serão detidos”. Nada, mas isso pode parar as bocas daqueles que “gloriam-se de suas vergonhas, e abertamente, negam o Senhor que os comprou”.
Eles podem falar da lei, de forma elevada, como aquele que a tem escrito por Deus em seu coração. Ouvi-los falar dessa maneira poderia inclinar alguns a pensar que eles não estavam muito longe do reino de Deus: mas, retirá-los da lei de dentro do evangelho; começando com a retidão pela fé; com Cristo “o fim da lei a todo aquele que acredita”, e aqueles que agora mostraram-se quase, se, não completamente, cristãos, mantiveram confessos os filhos da perdição; tão longe da vida e salvação (Deus seja misericordioso para com eles!) das profundezas do inferno até a altura dos céus.
9. Por essa razão, o adversário, então, vocifera, não importa quando “salvação pela fé” é declarada ao mundo: assim, ele incitou terra e inferno a destruir aqueles que primeiro pregaram isso. E pela mesma razão, sabendo que a fé sozinha poderia arruinar as fundações de seu reino, ele fez acontecer todas as suas forças, e empregou todas as suas artes de mentiras e calúnias, para amedrontar Martim Lutero de restaurar isso.
Nem podemos desejar saber, ao mesmo tempo: pois que, como aquele homem de Deus observa, “como isso poderia enfurecer um orgulhoso e forte homem armado, ser impedido e desprezado por uma pequena criança, vindo contra ele, com uma flecha em sua mão!”, especialmente, quando ele soube que aquela pequena criança seguramente o derrotaria, e o poria debaixo de seus pés. Mesmo assim, Senhor Jesus! Assim, tens tu força, sendo sempre “feito perfeito na fraqueza!” Vá em frente, então, tu, pequena criança que acreditas nele, e sua “mão direita poderia ensinar-te coisas espantosas”; Embora sejas impotente e fraco como uma criança de dias, um homem forte não poderá ser capaz de se levantar diante de ti. Tu prevalecerás sobre ele, o subjugarás, o derrotarás e o colocarás debaixo de teus pés. Tu marcharás, sob o grande Capitão da tua salvação, “conquistando e a conquistar”, até que teus inimigos sejam destruídos, e “a morte seja tragada na vitória”.
Agora, graças seja a Deus, que nos deu a vitória, através de nosso Senhor Jesus Cristo; para quem, com o Pai e o Espírito Santo, ser benção, glória, sabedoria, gratidão e bravura, para sempre e sempre. Amém.
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