77 Sobre o Sermão do Monte – Parte VIII (John Wesley)

SERMOES DE WESLEY PDF


'Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e os ladrões minam e roubo. Mas ajuntai tesouros nos céus, onde nem a traça, nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 


Os olhos são a luz do corpo: de modo que, se teus olhos forem bons, todo teu corpo será cheio de luz. Mas, se teus olhos foram maus, todo teu corpo será cheio de escuridão. Se, portanto, a luz que há em ti for trevas, quão grandes serão tais trevas'   (Mateus 6:19-23).


1. Dessas que são comumente denominadas ações religiosas, e que são ramificações reais da verdadeira religião, de onde nascem de uma intenção pura e santa, e são executadas de uma maneira adequada a isto, -- nosso Senhor procede para as ações da vida comum, e mostra que alguma pureza de intenção é tão indispensavelmente requerida, em nosso trabalho ordinário, como fazer donativos, jejuar, ou orar. 


E, sem dúvida, a mesma pureza de intenção, que faz com que nossos donativos e devoções sejam aceitos, também deve fazer com que nosso trabalho ou empreendimento seja um oferecimento apropriado para Deus. Se um homem exerce seu trabalho, de modo que ele possa elevar-se a um estado de honra e riqueza no mundo, não por muito tempo, ele irá servir a Deus em sua ocupação, e não terá mais direito à recompensa de Deus, do que aquele que dá donativos, para que ele possa ser visto; ou aquele que ora, de modo que seja ouvido por homens. 


Porque desejos vãos e mundanos não são mais aceitáveis, em nossas ocupações, do que em nossas doações e devoções. Eles não são apenas maus, quando eles se misturam com nossas boas obras; com nossas ações religiosas, 'mas eles têm a mesma natureza má, quando eles entram na tarefa comum de nossas ocupações. Se fosse permitido desempenhá-las, em nossos empreendimentos mundanos, seria permitido desempenhá-las em nossas devoções. 


Mas, como nossos donativos não são um serviço aceitável, a não ser quando procedem de uma intenção pura, assim nossa ocupação comum não pode ser considerada um serviço para Deus, a não ser quando é executada com a mesma fidelidade de coração'.  


2. Isto nosso abençoado Senhor declara, da maneira mais eficaz, naquelas fortes e compreensivas palavras, que Ele explica, reforça, e se estende sobre, através desse capítulo todo. 'Os olhos são a luz do corpo: se, portanto, teus olhos forem bons, todo teu corpo será cheio de luz: mas, se teus olhos forem maus, todo teu corpo estará na escuridão'. O olho é a intenção: o que o olho é para o corpo, a intenção é para a alma. Como um conduz todos os movimentos do corpo, assim o outro, aqueles da alma. Esse olho da alma é, então, único, quando ele olha para uma única coisa somente; quando nós não temos outro objetivo, a não ser, 'conhecer a Deus,e Jesus Cristo a quem ele enviou', -- para conhecer a ele com afeições adequadas; amá-lo como Ele nos amou; agradar a Deus, em todas as coisas; servir a Deus (como nós o amamos), com todo nosso coração, e mente, e alma, e forças; e deleitarmo-nos em Deus, em tudo e nas coisas do alto, no tempo e na eternidade. 


3. 'Se os teus olhos forem'', assim, 'único'; assim, fixado em Deus, 'todo teu corpo será cheio de luz'.  'Todo teu corpo'. – tudo que é guiado pela intenção, como o corpo é pelo olho. Tudo o que você é; tudo o que você faz; seus desejos, temperamentos, afeições; seus pensamentos, palavras e ações. A totalidade desses 'deverá ser cheia de luz'; cheia do conhecimento divino. Esta é a primeira coisa que podemos aqui entender por luz. 'Em Sua luz, tu verás a luz'. 'Ele que, do passado, ordenou que a luz brilhasse nas trevas, deverá brilhar em teu coração': Ele iluminará os olhos do teu entendimento com o conhecimento da glória de Deus. Seu Espírito revelará a ti as coisas profundas de Deus. A inspiração do Espírito Uno dará a ti entendimento, e fará com que conheças a sabedoria secretamente. Sim. A unção que tu recebestes dele 'irá habitar em ti e ensinar-te todas as coisas'.  


Como a experiência confirma isto! Até mesmo depois que Deus abriu os olhos de nosso entendimento, se nós buscamos ou desejamos alguma coisa a mais do que Deus, quão breve nosso tolo coração é enegrecido! Então, novamente as nuvens descansam sobre nossas almas. Dúvidas e medos novamente nos oprimem. Somos sacudidos de lá para cá, e não sabemos o que fazer; ou qual o caminho que devemos tomar. Mas, quando desejamos ou buscamos nada mais, a não ser Deus, as nuvens e dúvidas desaparecem. Nós que 'estivemos, algumas vezes, nas trevas, agora, somos luz no Senhor'. A noite agora brilha como dia, e nós nos certificamos 'que o caminho correto é a luz'. Deus nos mostrou o caminho, por onde devemos ir, e tornou claro o caminho diante de nossa face.  


4. A segunda coisa que nós podemos entender aqui, por luz, é santidade. Enquanto buscas a Deus nas coisas, tu o encontras em tudo; a fonte de toda santidade, continuamente preenchendo a ti, com sua própria semelhança, com justiça, misericórdia e verdade. Enquanto tu olhas para Jesus, e para Ele somente, tu és preenchido, com a mente que estava nele. Tua alma é renovada, dia a dia, na busca da imagem Dele que a criou. Se o olho de tua mente não for afastado dele; se tu resistes 'na busca dele que é invisível'; buscando nada mais no céu ou na terra, então, como tu olhaste a gloria do Senhor, tu serás transformado 'na mesma imagem, de glória em glória, pelo Espírito do Senhor'. 


E também é assunto de experiência diária que, 'pela graça, nós somos' assim 'salvos pela fé'. É pela fé que o olho da mente é aberta, para ver a luz do amor glorioso de Deus. E, tanto quanto ela está firmemente fixada nisto, sobre Deus, em Cristo, reconciliando o mundo em si mesmo, nós somos mais e mais preenchidos com o amor de Deus e homem; com a humildade; gentileza; longanimidade; com todos os frutos da santidade, que são, através de Jesus Cristo, para a glória do Deus, o Pai. 

5. A luz que preenche a ele que tem um olho bom, implica, em Terceiro Lugar, felicidade, tanto quanto santidade. Certamente, 'a luz é doce e uma coisa agradável é ver o sol': Mas, quanto mais, é ver o Sol da Retidão, continuamente brilhando sobre a alma! Se existe alguma consolação em Cristo; se existe algum conforto de amor; alguma paz que excede todo entendimento; se existe algum regozijo na esperança da glória de Deus, eles todos pertencem àqueles que têm o olho puro [único]. Assim é 'todo seu corpo cheio de luz'. Ele caminha na luz, como Deus está na luz; regozijando-se, mais e mais; orando sem cessar; e em todas as coisas dando graças; desfrutando do que quer que seja a vontade de Deus, concernente a ele, em Jesus Cristo.   


6. 'Mas, se teu olho for mau, todo teu corpo será cheio de escuridão'. 'Se teu olho for mau': -- Nós vemos que não há meio termo entre um olho bom, e um olho mau. Se o olho não é bom, então, ele é mau. Se a intenção, no que quer que façamos, não for unicamente endereçada a Deus; se buscarmos alguma coisa mais, então, 'nossa mente e consciência estarão corrompidas'.


Nossos olhos são maus se, em alguma coisa que fazemos, nós almejamos uma outra finalidade do que Deus; se nós temos alguma visão, a não ser conhecermos e amarmos a Deus; agradarmos e servimos a Ele, em todas as coisas; se nós temos algum outro objetivo do que nos regozijarmos em Deus, do que sermos felizes nele, agora e para sempre. 


7. Se teu olho não estiver unicamente fixado em Deus, 'todo teu corpo será cheio de trevas'. O véu ainda deve permanecer sobre teu coração. Tua mente deverá ser mais e mais cega, através 'do deus desse mundo', 'a fim de que a luz do glorioso Evangelho de Cristo não possa brilhar sobre ti'. Tu serás cheio de ignorância e erro no tocante às coisas de Deus; não sendo capaz de receberes ou de a discernires. E, mesmo quando tu tens algum desejo de servir a Deus, tu estarás cheio de incerteza, quanto à maneira de servi-lo; encontrando dúvidas e dificuldades em todo lado, e não vendo algum caminho para escapar. 


Sim. Se teu olho não for único; se tu buscares algumas das coisas da terra, tu serás cheio de descrença e iniqüidade; teus desejos, temperamentos, afeições,  estarão fora de curso, permanecendo nas trevas, sendo vis e inúteis. E tua conversa será pecaminosa, assim como teu coração, não 'temperado com sal', ou 'apropriado para ministrar graça junto aos que ouvem'; mas ineficiente, não proveitoso, corrupto e repugnante para o Espírito Santo de Deus. 


8. Ambas a destruição e infelicidade estão em teus caminhos; 'já que o caminho da paz tu não conheces'. Não existe paz, não a paz segura e sólida, para aqueles que não conhecem a Deus. Não existe verdade, nem contentamento permanente para qualquer um que não busque Ele com todo seu coração. Enquanto tu almejas quaisquer das coisas que perecem, 'tudo que virá é vaidade'; sim; não apenas vaidade, mas 'inquietação de espírito',  e ambos na busca e no desfrute também.   


Tu que caminhas, de fato, na sombra inútil, e te inquietas em vão. Tu que caminhas na escuridão que pode ser sentida. Dormindo, mas sem conseguir descansar. Os sonhos da vida podem trazer dor, e isto tu sabes; mas eles não podem trazer bem-estar. Não existe descanso nesse mundo ou no mundo que há de vir, mas, apenas em Deus, o Pai de todos os espíritos. 


'Se a luz que está em ti for escuridão, quão grande é esta escuridão!'. Se a intenção que deve iluminar toda a alma; preenchê-la com conhecimento, e amor, e paz, e o que, de fato, acontece, por quanto tempo ela é pura; por quanto tempo ela almeja a Deus somente – se ela for escuridão; se ela almejar alguma coisa além de Deus, e, conseqüentemente cobrir a alma com escuridão, em vez de luz; com ignorância e erro; com pecado e miséria: Ó quão enorme será esta escuridão! Ela é a mesma fumaça que sobe do abismo insondável! É a noite essencial que reina na depressão profunda, na terá de sombra e morte!


9. Portanto, 'Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e os ladrões minam e roubo'. Se você faz isto, é porque os seus olhos são maus; não estão fixados unicamente em Deus. Com respeito à maioria dos mandamentos de Deus, se relativo ao coração ou à vida, os ateus da África ou América, se situam no mesmo nível daqueles que são chamados cristãos. Os cristãos observam os mandamentos (alguns poucos, apenas, sendo exceção) muito proximamente  ao que os ateus observam. Por exemplo: a generalidade dos nativos da Inglaterra, comumente chamados cristãos, é tão abstinente quanto moderada, como a generalidade dos ateus perto de Cabo e Boa Esperança. E assim os cristãos alemães e franceses são tão humildes e tão virtuosos quando os índios Choctaw ou Cherokee. 


Não é fácil dizer, quando nós comparamos a maior parte das nações da Europa com esses na América, se a superioridade se estenda de um lado ou de outro. Pelo menos os americanos não têm muita vantagem. Mas nós não podemos afirmar isto com respeito aos mandamentos agora diante de nós. Aqui o ateu tem uma adiantada pré-eminência. Ele deseja e busca nada mais do que um alimento simples e um vestuário simples para vestir. E ele busca isto apenas, dia a dia. Ele não reserva; ele não armazena coisa alguma; a não ser tanto milho, de uma estação do ano, quanto ele irá precisar antes que  aquela estação retorne. 


Esse mandamento, entretanto, os ateus, embora o desconheçam, o observam contínua e prontamente. Eles armazenam para si mesmos, nenhum tesouro sobre a terra'; nenhum estoque de púrpura, ou fino linho; de ouro ou prata, que 'a traça e a ferrugem podem consumir', ou  'os ladrões minam e roubam'. Mas como os cristãos observam o que eles professam receber como tal mandamento tem sido sempre dado ao homem. Mesmo os bons cristãos, como eles são considerados por outros, e por si mesmos, não se preocupam com isto. 


Ele poderia bem estar ainda oculto em seu Grego original, já que algum registro eles tomam dele. Em que cidade cristã nós encontramos um homem de quinhentos anos que tenha o menor escrúpulo de armazenar tanto tesouro quanto ele possa? – de aumentar seus bens, tanto quanto seja capaz? Realmente, existem aqueles que não fariam isto injustamente; existem muitos que não irão roubar, nem furtar; e alguns que não irão trapacear seu próximo; mais ainda, que não irão tirar proveito tanto de sua ignorância quanto de sua necessidade. Mas isto é completamente outro ponto. Mesmo esses não têm escrúpulos da coisa, mas da maneira dela. Eles não têm escrúpulos de 'deitarem tesouros na terra', mas de deitá-los, através da desonestidade. Eles não começam desobedecendo a Cristo, mas numa brecha da moralidade pagã. De modo que mesmo esses homens honestos não mais obedecem a esse mandamento do que um  ladrão de estrada ou um ladrão que invade residências. Mais ainda, eles não objetivaram obedecer isto. Desde a juventude isto nunca entrou em seus pensamentos. Eles foram educados por seus pais, mestres, e amigos cristãos, sem qualquer instrução, concernente a isto, afinal; exceto se fosse este – violá-lo tão logo, e tanto quanto eles pudessem, continuando a violá-lo, até o fim de suas vidas.  


10. Não existe, no mundo, exemplo algum de obsessão espiritual que seja mais espantoso do que este. A maioria desses mesmos homens lê ou ouve a leitura Bíblica, -- muitos deles, todos os dias do Senhor. Eles têm lido ou ouvido essas palavras, centenas de vezes, e, ainda assim, nunca suspeitam que eles mesmos estão condenados por isso; mais do que por aqueles que proíbem pais de oferecerem seus filhos ou filhas junto a Moloch [ídolo fenício, para quem as crianças eram entregues em sacrifício]. Ó que Deus possa falar, com sua própria voz; sua voz poderosa, para esses miseráveis que enganam a si mesmos! Que eles possam, por fim soltarem-se das armadilhas do diabo, e as escamas possam cair de seus olhos!   


11. Você pergunta o que significa 'deitar tesouros na terra?'. Será necessário examinar isto completamente. E nos permita observar, primeiro, o que não é proibido nesse mandamento, para que possamos, então, discernir claramente o que significa. 

Nós não estamos proibidos nesse mandamento:


1o.  De 'provermos coisas honestas aos olhos de todos os homens'; provermos recursos para que possamos retribuir tudo que lhes é devido, -- o que quer que eles possam justamente reclamar de nós. Longe disto, nós somos ensinados por Deus, a 'não devermos coisa alguma a homem algum'. Nós devemos, portanto, usar de toda diligência, em nosso chamado, com o objetivo de não devermos a homens; isto sendo, não mais, do que uma lei clara da justiça comum, a qual nosso Senhor 'não veio destruir, mas cumprir'. 

2o. Nem o Senhor nos proíbe aqui de provermos tais coisas, para nós mesmos, quando são necessárias para o corpo; uma suficiência do alimento básico e saudável; e vestuário discreto para vestir. Sim; é nossa obrigação, por quanto tempo Deus coloca em nosso poder, providenciar essas coisas também; para que possamos 'comer de nosso próprio pão', e não sermos onerosos para homem algum.


3o. Nem ainda, estamos proibidos de provermos para nossos filhos, e para aqueles de nossa própria família. Isto também é nosso dever fazer; mesmo que sobre os princípios da moralidade pagã. Todo homem deve prover as necessidades básicas da vida, para sua esposa e filhos; e colocá-los em condições de providenciarem essas, para si mesmos, quando ele se for dali, e não mais puder ser visto. Eu quero dizer com providenciar isto, prover as necessidades básicas da vida; não regalos; nem superficialidades; -- e que, por meio do trabalho diligente deles; já que não é obrigação do homem supri-los, e nem a si mesmo, com os meios da luxúria ou ócio. Mas se algum homem não provém, tanto assim, para seus filhos (tanto quanto para as viúvas de sua própria casa, das quais, Paulo fala principalmente naquelas bem conhecidas palavras a Timóteo, ele praticamente terá 'negado a fé, e será pior do que um infiel', ou ateu). 


Por último: Nós não estamos proibidos, por essas palavras, de economizar, de tempos em tempos, o que é necessário para a sustentação de nosso trabalho secular; de tal maneira e grau, a ser suficiente para responder os propósitos precedentes; -- de tal maneira a, Primeiro, não dever a homem algum; Segundo, prover a nós mesmos as necessidades da vida; e, Terceiro, suprir aqueles de nossa própria casa, enquanto vivermos, e com os meios de conseguirem, por si mesmos, quando tivermos ido para Deus.


12. Nós podemos agora, discernir claramente (a menos que não estejamos dispostos a discernir isto) o que está proibido aqui. É o procurar intencionalmente mais dos bens do mundo, que irá responder aos propósitos precedentes; o trabalhar em busca de uma maior quantidade de bens materiais; um grande acúmulo de ouro e prata, -- armazenar além do que essas finalidades requerem, -- é o que está expressamente e absolutamente proibido aqui. Se as palavras têm algum significado, afinal, ele deve ser este; porque elas não são capazes de outro. Conseqüentemente, aquele que não deve a homem algum; e tem alimento e vestuário para si mesmo e sua família, junto com a suficiência para conduzir seu trabalho secular, dessa forma, responde esses propósitos precedentes; entretanto, eu digo que, quem já estiver, nessas circunstâncias, e ainda  assim, buscar uma maior porção na terra; estará vivendo uma declarada negação habitual ao Senhor que o comprou. Ele está praticamente negado a fé, e é pior do que um africano ou americano 'infiel'.


13.  Ouçam isto, vocês, que habitam no mundo, e amam o mundo, onde habitam. Vocês podem ser 'grandemente estimados por homens'; mas vocês são 'uma abominação aos olhos de Deus'.  Por quanto tempo, suas almas serão fiéis ao pó? Por quanto tempo, vocês irão transportar, vocês mesmos, nessa argila espessa? Quando vocês irão acordar e ver que os pagãos declarados e especulativos estão mais perto do reino dos céus do que vocês? Quando vocês serão persuadidos a escolher a melhor parte; esta que não pode ser tomada de vocês? Quando vocês buscarão apenas 'armazenar tesouros no céu'; renunciando, temendo, e tendo repugnância de todos os outros?  Se vocês almejarem 'juntar tesouros na terra', vocês não estarão meramente perdendo seu tempo e gastando suas forças,  por aquilo que não é alimento: já que qual é o fruto do sucesso de vocês?  - Vocês assassinaram suas próprias almas! Vocês extinguiram a última centelha de vida espiritual nela! Realmente, em pleno vigor da  vida, vocês estão mortos! Vocês são homens viventes, mas cristãos mortos. 'Porque onde o tesouro de vocês está, lá estarão também os seus corações'. O coração de vocês está submerso no pó, suas almas aderidas ao chão. Suas afeições estão ficadas, não nas coisas acima, mas nas coisas da terra; no pobre exterior, sem qualquer valor, e que pode envenenar, mas não pode satisfazer um espírito eterno feito por Deus. O amor de vocês; sua alegria; seus desejos estão em todos colocados nas coisas que perecem ao uso. Vocês jogaram fora os tesouros do céu: Deus e Cristo estão perdidos! Vocês obtiveram riquezas e o fogo do inferno!


14. Ó 'quão dificilmente eles que têm riquezas devem entrar no reino de Deus!'. Quando os discípulos de nosso Senhor ficaram atônitos de ouvi-lo falar assim, Ele esteve tão longe de retroceder nisso, que repetiu a mesma verdade importante, nos termos mais fortes do que antes. 'É mais fácil um camelo passar pelo olho de uma agulha, do que para um homem rico entrar no reino de Deus'. Quão difícil é isto para aqueles cujas mesmas palavras são aplaudidas, não por serem sábias aos seus próprios olhos! Quão difícil não ver felicidade em suas riquezas, ou nas coisas subordinadas a elas; em gratificar o desejo da carne; o desejo dos olhos; o orgulho da vida! Quão difícil é para eles não pensarem que são melhores do que o pobre, o simples, a massa inculta de homens! O quanto não é difícil buscarem felicidade em suas riquezas, ou nas coisas subordinadas a elas; na gratificação do desejo da carne, no desejo do olho, ou o orgulho da vida! Ó, vocês que são ricos, como poderão escapar da condenação do inferno? Apenas com Deus, todas as coisas serão possíveis!


15. E mesmo que vocês não tenham sucesso, qual será o fruto de seu esforço, ao juntarem tesouros na terra? 'Eles que serão ricos'; (eles que desejam; que se esforçam em busca disso, quer tenham sucesso ou não), 'caem na tentação, e na armadilha', -- numa cilada, no laço do diabo; 'e entregam-se a luxúrias tolas e danosas'; desejos, com os quais a razão não tem coisa alguma a fazer; desejos tais que não pertencem propriamente às existências racional e imortal, mas apenas às bestas rudes que não têm entendimento; -- 'que submergem os homens na destruição e perdição', na miséria presente e eterna. Que nós possamos abrir nossos olhos, e vermos diariamente as provas melancólicas disto, -- homens que, desejando, decidindo-se serem ricos, sujeitando-se, em busca do dinheiro, a raiz de todo o mal, já têm perfurado a si mesmos, com muitas tristezas, e antecipado o inferno para o qual estão indo!


As precauções, das quais os Apóstolos falam aqui são grandemente observáveis. Eles não afirmam isto absolutamente do rico: porque um homem pode possivelmente ser rico, sem qualquer falta sua; através da Providência dominante, obstruindo sua própria escolha: Mas ele afirma isto daqueles que desejam buscar serem ricos. As riquezas, perigosas como elas são, nem sempre 'levam os homens à destruição e perdição'; mas o desejo de riqueza o faz: aqueles que calmamente desejam e deliberadamente buscam se aterem a ela, quer consigam de fato, ganhar o mundo ou não, infalivelmente, perderam suas próprias almas. Estes são aqueles que vendem a Ele que os comprou com Seu sangue, por algumas poucas peças de ouro ou prata. Esses entram em aliança com a morte e o inferno; e suas alianças permanecem. Porque eles estão diariamente compartilhando suas heranças com o diabo e seus anjos!


16. Ó quem deverá aconselhar essa geração de víboras a fugir da ira que está por vir! Não esses que se deitam em seus portões, ou são servis aos seus pés, desejando serem alimentados com as migalhas que caem de suas mesas. Não aqueles que cortejam seus favores ou temem suas carrancas: nenhum desses que se dedicam às coisas terrenas. Mas, se existe um cristão sobre a terra; se existe um homem que tem dominado o mundo, que deseja nada, a não ser a Deus, e não tema a ninguém, mas a Ele que é capaz de destruir ambos o corpo e sua alma no inferno; tu, Ó homem de Deus, fala e não economiza; ergue a tua voz como uma trombeta!  Grita alto, e mostra a esses honoráveis pecadores as condições miseráveis em que se encontram! Pode ser, que um em mil, possa ter ouvidos para ouvir; possa erguer-se e tirar de sobre si mesmo o pó; possa abrir as algemas que o mantêm atado a terra, e por fim, armazenar tesouro nos céus.


17. E se, alguns desses for, pelo imenso poder de Deus, acordado, e perguntar, 'O que devo fazer para ser salvo?',  a resposta, de acordo com os oráculos de Deus é clara, completa e rápida. Deus não diz a ti, 'Vende tudo que possuis'. Realmente, Ele que vê o coração dos homens, vê que é necessário dar a isto, um caráter peculiar, daquele do rico administrador jovem. Mas ele nunca impõe uma regra geral para todos os homens ricos, em todas as gerações sucessivas. Sua direção geral é, Primeiro, 'não sejas presunçoso'. Deus não vê como o homem vê. Ele estima a ti, não por causa de tua riqueza, grandeza ou equipagem; por qualquer qualificação ou habilidade que seja direta ou indiretamente devido à tua prosperidade, que pode ser comprada ou buscada por meio disto. Todos esses são para Ele como esterco e refugo: que eles sejam assim para contigo também. Cuida-te para não pensares que tu sejas um mínimo mais sábio e melhor, por causa de todas essas coisas. Pese a ti mesmo em outra balança: estime a ti mesmo apenas pela medida da fé e amor que Deus tem dado a ti. Se tu tens mais do conhecimento e amor de Deus do que ele, tu és por esse motivo, e não outro, mais sábio e melhor, mais valoroso e honrado, do que ele que está com os cães de teu rebanho. Mas se tu não tens esse tesouro, tu és mais tolo, mais vil, mais verdadeiramente desprezível, eu não direi, do que o servo mais inferior debaixo do seu teto, mas do que o mendigo deitado em teu portão, cheio de feridas.


18. Em segundo Lugar, 'não confia em riquezas incertas. Não confia nelas para ajuda: Não confia nelas para a felicidade. 


Primeiro. Não confia nelas para auxiliar-te. Tu serás miseravelmente enganado, se tu buscares por isto em ouro ou prata. Esses não serão mais capazes de fixar a ti acima do mundo, do que de fixar a ti acima do diabo. Saibas que ambos, o mundo e o príncipe do mundo, riem, afinal, de tais preparações contra eles. As riquezas serão de pouco proveito, em dias de dificuldades constantes, se elas permanecem nas horas penosas. Mas não é certo que elas irão permanecer; porque, muitas vezes, elas 'criam asas e voam embora!'. Mas, se não, que apoio elas irão se permitir, mesmo nas preocupações comuns da vida? O desejo de teus olhos, da esposa de tua juventude, teu filho, teu filho único, ou o amigo que é como tua própria alma, são levados embora de um só golpe. Irá tua riqueza reanimar a argila sem vida, ou trazer de volta seu último habitante? Ela irá proteger-te das doenças, enfermidades, dor? Essas coisas visitam os pobres, apenas? Ao contrário: ele que alimenta teu rebanho, ou cultiva teu chão tem menos doenças e dores do que você. Ele é mais raramente visitado por essas convidadas indesejáveis: e se elas chegam, afinal, elas são mais facilmente dirigidas para fora de uma pequena choupana, do que de um palácio no topo das nuvens. E durante o tempo em que teu corpo é castigado com dores, ou consumido pela enfermidade, como teus tesouros irão socorrer a ti?


19. Mas existe, à mão, uma preocupação maior do que todas essas. Tu deverás morrer! Tu deves virar pó; retornares ao chão do qual foste tomado, para misturar-te com a argila comum. Teu corpo tornará a terra como era, enquanto teu espírito retornará para Deus que o deu. E o tempo aproxima-se: os anos passam velozes, mesmo que em passos silenciosos. Talvez, teu dia esteja longe de terminar: O meio-dia da vida, e as sombras do entardecer comecem a descansar sobre ti. Tu sentes, em ti mesmo, uma decadência aproximando-se. As primaveras da vida passaram a passos acelerados. Agora que ajuda existe em tuas riquezas? Elas amenizam a morte? Elas tornarão agradáveis estas horas solenes? Completamente o reverso! Ó morte, quão amarga tu és para o homem que viveu apoiado em suas posses!'.  Quão inaceitável é para ele esta terrível sentença, 'Esta noite, tua alma será requerida de ti!'.  – Ou as riquezas irão impedir o golpe inoportuno, ou prolongar hora terrível? Elas poderão livrar tua alma, para que ela não possa ver a morte? Elas poderão restaurar os anos que se passaram? Elas poderão acrescentar, ao teu tempo determinado, um mês, um dia, uma hora, um instante? – Ou as boas coisas que tu escolheste para tua porção aqui irão seguir-te para o grande abismo? Não assim. Nu como vieste ao mundo; nu tu deverás retornar. 


Tuas terras, tua mansão, tua agradável esposa,

Estes tu deves deixar; é a sentença da natureza

Nenhuma árvore,  cujo plantio ostente tua vida

Salvo o triste cipreste, espera tua tumba


Seguramente, não fossem essas verdades muito simples para serem observadas, porque são muito simples para serem negadas, nenhum homem que estivesse para morrer, iria possivelmente confiar na ajuda de riquezas incertas. 


20. E não confia nelas para a felicidade: Porque também aqui, elas se revelarão 'enganosas se consideradas atentamente'. Na verdade, isto, todo homem razoável pode inferir do que já tem sido observado. Porque, se nem milhares de ouro e prata, nem quaisquer das vantagens e prazeres adquiridos por meio deles, pode impedir de sermos miseráveis, evidentemente se segue, que elas não poderão nos tornar felizes. Que felicidade elas podem fornecer a ele que, em meio a tudo, sente-se constrangido a clamar alto:


De fato, a experiência aqui é tão completa, forte e inegável, que torna todos os outros argumentos desnecessários. Apelemos, portanto, aos fatos. Os ricos e poderosos são os únicos homens felizes? E cada um deles é mais ou menos feliz, na proporção da medida de suas riquezas? Afinal, eles são felizes? Eu, a pouco, disse que eles eram, de todos os homens, os mais miseráveis! Homens ricos, pelo menos uma vez, fala a verdade de teu coração. Fala, por ti mesmo, e por teus irmãos!


Certamente, que confiar nas riquezas para a felicidade é a maior tolice de todas que estão debaixo do sol! Estás tu convencido disso? É possível que ainda esperes encontrar felicidade no dinheiro, ou em tudo que ele pode proporcionar: O que! Podem a prata e ouro; o comer e beber; cavalos, servos; vestuário resplandecente; e diversões e prazeres (como são chamadas) fazer com que sejas feliz? Eles podem tão logo te tornar imortal! 


21. Essas são todas aparências mortas. Não as leva em consideração. Confia  no Deus vivo; e então, estarás a salvo debaixo da sombra do Altíssimo; sua fidelidade e verdade serão teu escudo e proteção. Ele é um socorro bem presente, nos momentos de aflição; tal ajuda que nunca falha. Assim sendo, deverás dizer, se todos os teus amigos morreram, 'O Senhor vive, e abençoado seja meu forte ajudador!'. Ele irá te lembrar que quando tu estiveres doente acamado; quando a ajuda de homens for inútil. Quando todas as coisas na terra não puderem dar suporte, ele 'afofará tua cama em tua enfermidade'. Ele irá amenizar tua dor; as consolações de Deus farão com que batas as mãos em chamas. E mesmo quando tua casa na terra estiver quase por desmoronar; quando ela estiver preste a cair no pó, Ele irá ensinar-te a dizer, "O, morte, onde está tua dor aguda? Ó, sepultura, onde está tua vitória? Abençoado seja Deus que me deu 'a vitória através' de meu Senhor 'Jesus Cristo'".


Ó confia Nele para a felicidade, assim como para a ajuda. Todas as fontes de felicidade estão Nele. Confia Nele 'que nos deu todas as coisas ricamente para desfrutarmos', --  quem, de sua própria riqueza e livre misericórdia, as segurou firme para nós, como em suas próprias mãos; para que, as recebendo como seu dom, e como garantia de seu amor, pudéssemos desfrutar de tudo que possuímos. É seu amor que nos deu o paladar de tudo que provamos, -- colocou vida e doçura em tudo, enquanto cada criatura nos conduz para o alto para o grande Criador, e toda a terra é uma escala para o céu. Ele transfunde as alegrias, que estão em sua mão direita, em tudo que ele concedeu aos seus filhos agradecidos; que, tendo camaradagem com o Pai, e com seu Filho, Jesus Cristo, desfrutam Dele, em tudo e acima de tudo.  


22. Em Terceiro Lugar, não busca aumentar os bens materiais. 'Não junteis para' ti mesmo 'tesouros na terra'.  Este é um mandamento claro e positivo; tão claro quanto - 'tu não deves cometer adultério'. Como, então, é possível para um homem rico, ficar ainda mais rico, sem negar o Senhor que o comprou? Sim; como pode algum homem que já tem o necessário da vida ganhar ou almejar ainda mais, e estar sem culpa? 'Não junteis',  diz o Senhor, 'tesouros na terra'. Se, a despeito disto, você o faz, e armazena dinheiro ou bens, que 'as traças e a ferrugem consomem, ou os ladrões mimam e roubam'. Se você adiciona casa a casa; ou campo ao campo, -- por que você chama a si mesmo cristão? Você não obedece a Jesus Cristo. Você não objetiva isto. Por que você denomina a si mesmo por seu nome? 'Por que você chama a mim, Senhor, Senhor',  diz ele mesmo, 'e não faz as coisas que eu digo?'. 


23. Se você perguntar: 'Mas o que devo fazer com meus bens, vendo que tenho  mais do que tenho oportunidade de usar, se eu não posso armazená-los? Posso jogá-los fora?'. Eu respondo: Se você jogá-lo ao mar; se você atirá-los ao fogo, e consumi-los, eles terão melhor uso do que agora. Você não poderá encontrar uma maneira tão prejudicial de jogá-los fora; de armazená-los para a posteridade, ou juntá-los para si mesmos, em tolices e superficialidades. De todos os métodos possíveis de jogá-los fora, esses dois são os piores; os que mais se opõem ao Evangelho de Cristo, e os mais perniciosos para sua própria alma. 


Quão pernicioso para sua própria alma é o último desses, tem sido excelentemente mostrado por um recente escritor:  


'Se nós gastamos nosso dinheiro, nós não somos apenas culpados de desperdiçar um talento que Deus nos deu, mas culpados de causarmos a nós mesmos um dano além, o de tornamos esse talento útil, um meio poderoso de corromper a nós mesmos; gastando de maneira errada; para sustentarmos alguns temperamentos errados, gratificando alguns desejos vãos e irracionais, que como cristãos nós somos obrigados a renunciar'. 


'Como sabedoria e habilidades não podem tão somente ser menosprezadas, a não ser que exponham aqueles que as têm às tolices maiores; então, o dinheiro não pode ser tão somente menosprezado, a não ser que ele não seja usado de acordo com a razão e a religião, fazendo com que as pessoas vivam uma vida mais tola e extravagante, do que elas poderiam ter vivido sem ele. Se, por conseguinte, você não gasta seu dinheiro, em fazer o bem a outros, você deverá gastá-lo para o prejuízo de si mesmo. Você agirá como aquele que nega o cordial [medicamento estimulante] para seu amigo doente, já que ele não pode beber, sem inflamar seu sangue. Porque este é o caso do dinheiro supérfluo, se você o dá para aqueles que precisam dele, é um medicamento estimulante; se você o gasta consigo mesmo em alguma coisa, que você não precisa, é apenas para inflamar e inquietar sua mente'.


"Ao usarmos as riquezas onde eles não têm uso real; e nem nós mesmos temos alguma necessidade real, nós apenas as usamos para nosso grande prejuízo, em criarmos desejos desmedidos, em alimentarmos temperamentos doentios, em induzirmos às paixões tolas, e sustentando uma mudança vã de mente. Porque comida e bebida dispendiosas, finas roupas e finas casas, propriedades e equipagem, prazeres e diversões animadas. Todos eles naturalmente causam dano e desordem ao nosso coração. Eles são o alimento e a nutrição de todas as tolices e fraquezas de nossa natureza. Eles todos são o suporte de alguma coisa que não deve ser sustentada. Eles são contrários àquela sobriedade e devoção de coração que têm prazer nas coisas divinas. Existem tantos pesos sobre a nossa mente, que nos tornam menos capazes e menos inclinados a erguermos nossos pensamentos e afeições para as coisas do alto".


'De maneira que, aquele dinheiro assim gasto, não é meramente desperdiçado ou perdido, mas é gasto para propósitos maus e efeitos miseráveis; para a corrupção e desordem de nossos corações; para nos tornar incapazes de seguir as doutrinas sublimes do Evangelho. É como sonegar o dinheiro do pobre para comprar veneno para nós mesmos'. 


24. Igualmente indesculpáveis são aqueles que armazenam o que eles não precisam para alguns propósitos razoáveis: - 


'Se um homem tivesse mãos, e olhos, e pés, que pudesse dar para aqueles que têm necessidade deles; se ele os guardasse à chave em um baú, em vez de dá-los aos seus irmãos que são cegos e aleijados, nós não poderíamos justamente supor que ele é um patife inumano? Se ele, antes, escolhesse entreter-se, juntando-os, do que se dar direito à recompensa eterna, por dá-los àqueles que necessitam de olhos e mãos, nós não poderíamos justamente considerá-lo louco?


'Agora o dinheiro tem a mesma natureza dos olhos e pés. Se, portanto, nós o trancamos em um baú, enquanto o pobre e aflito precisa dele para seu uso necessário, nós não estamos longe da crueldade daquele que escolhe, antes, armazenar mãos e olhos do que dá-los para aqueles que necessitam deles. Se nós escolhemos ajuntar, preferivelmente, do que nos darmos direito a uma recompensa eterna, por dispormos de nosso dinheiro bem, nós somos culpados de sua loucura que, antes, escolhe guardar, em um baú, olhos e mãos, do que tornar a si mesmo, para  sempre abençoado, por dá-los àqueles que necessitam deles'.


25. Esta não pode ser uma outra razão, porque os homens ricos tão dificilmente entram no reino dos céus? A vasta maioria deles está debaixo de uma maldição; debaixo de uma maldição peculiar de Deus; não obstante, no teor geral de suas vidas, essas pessoas não estejam apenas roubando a Deus continuamente, apropriando-se e  desperdiçando os bens do Senhor, e por esses mesmos meios, corrompendo suas próprias almas; mas também roubando o pobre, o faminto, o nu; causando injustiça à viúva e órfão; e tornando a si mesmas responsáveis por todas as necessidades, aflições e infortúnio que elas podem remover, mas não o fazem.  Sim; será que o sangue de todos esses que perecem, por necessitarem daquilo que elas tanto economizam quanto gastam desnecessariamente, grita contra elas da terra? Ó que relato terão eles dado a Ele que está pronto para julgar os vivos, e os mortos!


26. O caminho verdadeiro de empregar o que vocês não necessitam para si mesmos, vocês podem, em Quarto lugar, aprender daquelas palavras de nosso Senhor, que são a contraparte do que veio antes: 'Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e os ladrões minam e roubo. Mas ajuntai tesouros nos céus, onde nem a traça, nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam'. Distribuam o que quer que possas considerar em melhor segurança do que esse mundo pode dispor. Ajuntem teus tesouros no banco dos céus; e Deus irá restaurá-los naquele dia. 'Aquele que se compadecem dos pobres, emprestam a Deus; e olhem: o que eles derem, lhes será pago novamente'. 'Coloca isto', diz Ele, 'em minha conta. Todavia, tu me deves a ti mesmo além!' 

Dê ao pobre com um olho bom; com um coração honesto, e escreva: 'Tanto foi dado a Deus'. Porque 'não obstante, o que for feito ao menor desses meus irmãos, a mim será feito'. 


Esta é a parte de uma 'administração fiel e sábia': Não vender suas casas ou terras, ou suprimento principal, sejam eles, mais ou menos; exceto, se alguma circunstância peculiar requeira isto; e não desejar ou se esforçar para aumentá-los, mais do que desperdiçá-los em vaidade; mas empregá-los totalmente naqueles propósitos sábios e razoáveis, para os quais seu Senhor os tem depositado em suas mãos. O mordomo sábio, depois de ter providenciado sua própria família com o que seja necessário para a vida e santidade, faz a si mesmo amigos com tudo que sobra, de tempos em tempos, do 'espírito de cobiça da iniqüidade, para que, quando ele cair, eles possam recebê-lo nas habitações eternas', -- para que, quando quer que seu tabernáculo terrestre seja dissolvido, eles que foram antes carregados para o seio de Abraão, depois de terem comido de seu pão, e vestido a lã de seu rebanho, e louvado a Deus pelo conforto, possam dar boas-vindas a ele no paraíso, e na 'casa eterna de Deus, nos céus'. 


27. Nós 'instruímos' você, portanto, 'que é rico neste mundo', como tendo autoridade do grande Senhor e Mestre, -- a habitualmente fazer o bem; viver em um curso de boas obras. 'Seja misericordioso, como seu Pai que está nos céus é misericordioso'; aquele que faz o bem, e não cessa. 'Seja misericordioso', -- até onde? De acordo com o seu poder; com toda a habilidade que Deus lhe deu. Faça esta sua única medida de fazer o bem; não apenas axiomas desprezíveis, ou costumes do mundo. Nós instruímos você a 'ser rico em boas obras'; quando você tiver muito, dar abundantemente. 'Livremente, nós temos recebido. Livremente, damos'; assim é não juntar tesouros, a não ser no céu. Esteja 'pronto para distribuir' a todos, de acordo com a sua necessidade. Distribua amplamente; dê ao pobre; reparta seu pão com o faminto; cubra o nu com uma vestimenta; entretenha o estranho; traga ou envie alívio àqueles que estão na prisão. Cure o doente; não por milagre, mas através da bênção de Deus, sobre sua assistência adequada. Permita que as bênçãos dele que está pronto a perecer, pela necessidade, seja imputada a você. Defenda o oprimido; advogue a causa do órfão; e faça o coração da viúva cantar de alegria.


28. Nós exortamos você, em nome do Senhor Jesus Cristo, a estar 'disposto a comunicar-se'; a ser do mesmo espírito (embora não do mesmo estado exterior) daqueles crentes dos tempos antigos, que permaneceram firmes, naquela abençoada e santa camaradagem, onde 'ninguém dizia que alguma coisa era sua própria, mas eles tinham todas as coisas em comunidade'. Seja um mordomo; um fiel e sábio administrador de Deus e do pobre; diferindo deles nessas duas circunstâncias apenas: que suas necessidades sejam, primeiro, supridas, fora da porção dos bens de seu Senhor, que permanecem em suas mãos, e que você tenha a  bem-aventurança de dar. 


Assim, 'estabeleça para você mesmo um bom alicerce', não no mundo que agora existe, mas, preferivelmente, 'para o tempo que há de vir, para que você possa se agarrar à vida eterna'. O grande alicerce, na verdade, de todas as bênçãos de Deus, se temporais ou eternas, é o Senhor Jesus Cristo, -- sua retidão e sangue, -- o que Ele fez, e o que Ele sofreu por nós. E o 'outro alicerce', nesse sentido, 'nenhum homem pode estabelecer'; não; nem um Apóstolo; nem um anjo do céu. Mas, através de seus méritos; o que quer que nós façamos, em seu nome, é alicerce para a boa recompensa naquele dia, em que 'cada homem receberá o seu galardão, segundo as suas próprias obras'.  Portanto, 'trabalhe, não para a carne que perece, mas para o que  preserva a vida eterna'. Por conseguinte, o que quer que sua mão' agora 'encontre o que fazer, faça-o com toda a sua força'.  


Assim sendo, que nenhuma ocasião justa passe desapercebida; agarra os momentos dourados, quando eles fogem; tu, através dos poucos anos fugazes, asseguras a eternidade!


'Sejas, tu,  pacientemente, persistente, em buscar a beneficência, para a glória, e honra e imortalidade'. Em uma execução constante, e zelosa de todas as boas obras; espera por aquela hora feliz, quando o Rei dirá: Eu tive fome, e tu me deste de comer; eu tive sede, e tu me deste de beber. Eu era um estranho, e tu me acolheste; nu, e tu me vestiste. Eu estava doente, e tu me visitaste; eu estava na prisão, e tu vieste me ver. --   Vem, abençoado de meu Pai, recebe o reino preparado para ti desde a fundação do mundo!'. 


 [Editado por Jean Fogerson, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções por George Lyons para a  Wesley Center for Applied Theology.]


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