"Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus". (Tiago 4:4)
1. Existe uma passagem na Epístola de Paulo para os romanos, que tem sido freqüentemente considerada da mesma importância que essa: (Romanos 12:2) "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". Mas ela tem pequena, ou nenhuma relação com a anterior; ela fala de uma outra coisa completamente diferente.
De fato, a suposta semelhança ergue-se meramente do uso da palavra mundo em ambos os lugares. Isso naturalmente nos conduz a pensar que Paulo queria dizer, de conformidade com o mundo; o mesmo que Tiago quis dizer por amizade com o mundo: assim sendo, as afirmações são coisas inteiramente diferentes, como as palavras são totalmente diferentes no original: já que a palavra de Paulo é "aivn", e a palavra de Tiago é "kosmos". Entretanto, as palavras de Paulo contêm uma direção importante para os filhos de Deus.
É como se ele tivesse dito: "Não, em conformidade com a sabedoria, ou o espírito, ou as modernidades do tempo; tanto quanto com os Judeus não convertidos, os pagãos com quem você vive. Você é chamado para mostrar, através do teor total de sua vida e conversa, que você está 'renovado no espírito de sua mente', em busca da imagem Dele que o criou; e que a sua regra não é o exemplo, ou a vontade do homem, mas 'a boa, aceitável e perfeita vontade de Deus'".
2. Mas não é estranho que a precaução de Tiago, contra a amizade com o mundo fosse tão pouco entendida, mesmo entre os cristãos. Já que eu não fui capaz de aprender o que qualquer autor, antigo ou moderno, tem escrito sobre o assunto: Não, nem (tanto quanto eu tenho sempre observado), por cento e dezesseis ou cento e dezessete anos. Mesmo aquele escritor excelente, Sr. Law, que tem tratado tão bem muitos outros assuntos, não tem, em todos os seus tratados práticos, escrito um capítulo sobre ele; não, nem dito uma palavra, que eu me lembre, ou dado alguma precaução, contra ele. Eu nunca ouvi um sermão pregado, sobre ele, diante da Universidade, ou em qualquer outro lugar. Eu nunca estive em qualquer companhia, onde a conversa girasse explicitamente sobre ele, mesmo por uma hora.
3. Embora haja tão poucos assuntos, de tão profunda importância; poucos que concernem, tão proximamente, à mesma essência da religião, à vida de Deus na alma; à continuidade ou aumento, ou à decadência, sim, à extinção dela. Da necessidade de instruir nesse respeito, se seguiram as conseqüências mais melancólicas. Essas, de fato, não afetaram aqueles que estavam ainda mortos, em transgressões e pecados; mas caiu pesado sobre muitos daqueles que estavam verdadeiramente vivos para Deus. Elas tinham afetado muitos dos que eram chamados Metodistas, em particular; talvez, mais do que qualquer outra pessoa. Por causa da necessidade de entendimento, esse conselho do Apóstolo, (eu espero mais do que qualquer desprezo por ele), muitos entre eles estão doentes, espiritualmente doentes, e muitos dormem, os mesmos que, uma vez, estiveram acordados completamente. Seria bom, se eles não acordassem mais, até suas almas serem requeridas deles. É difícil responder pelo que eu freqüentemente observei: muitos dos que estiveram, uma vez, grandemente avivados para Deus, cujas conversas estavam nos céus; cujas afeições estavam nas coisas do alto, e não, nas coisas da terra; e que, embora caminhassem em todas as ordenanças de Deus, abundando em boas obras, privando-se de todo pecado conhecido, sim, de toda aparência do pecado; ainda assim, gradualmente e insensivelmente, decaíssem; (como o fruto do cabaceiro de Jonas, quando o verme comeu a raiz dele); de tal maneira que eles estão menos vivos para Deus agora, do que eles estiveram, então, vinte ou trinta anos atrás. Mas é fácil compreender porque, se nós observarmos que, na mesma proporção em que eles cresceram na amizade com o mundo; o que, de fato, deve sempre ser o caso, a menos que o Onipotente poder de Deus se interponha; nessa mesma proporção, a vida de Deus, em suas almas, decresceu.
4. Não é estranho que ela deva decrescer, se essas palavras são realmente encontradas nos escritos de Deus: "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?". Deixe-nos considerar seriamente sobre isso. E que Deus possa abrir os olhos de nosso entendimento; para que, a despeito de toda a névoa, com que a sabedoria do mundo possa nos cobrir, nós possamos discernir o que é a boa e aceitável vontade de Deus!
5. Vamos, Primeiro, considerar o que o Apóstolo quis dizer com mundo. Ele não se refere aqui a esse quadro exterior das coisas, denominadas nas Escrituras, céus e terra; mas aos habitantes da terra, aos filhos dos homens, ou, pelo menos, à grande parte deles. Mas que parte? Isso é completamente determinado, ambos por nosso Senhor, e por seus amados discípulos. Primeiro, pelo próprio nosso Senhor. Suas palavras são: (João 15:18-21) "Se o mundo vos aborrece, sabeis que, primeiro do que a vós, ele aborrece a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece. Lembrai-vos da palavra que vos disse: não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também perseguirão a vós; se guardarem a minha palavra, também guardarão a vossa. Mas tudo isso vos farão, por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou". Você vê aqui "o mundo" é colocado de um lado, e aqueles que "não são do mundo", do outro. Aqueles aos quais Deus tem "escolhido do mundo", ou seja, "por santificação do Espírito, e crença da verdade", são posicionados em oposição direta àqueles aos quais ele não escolheu. Ainda novamente: Aqueles "que não conhecem a ele que me enviou", diz nosso Senhor, que não conhecem a Deus, eles são "do mundo".
6. Igualmente expressas são as palavras do discípulo amado: (I João 3:13-14) "Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo vos aborrece. Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; quem não ama seu irmão permanece na morte". Como se ele tivesse dito: "Não espere que alguém possa amar você, a não ser aqueles que passaram da morte para a vida". Segue-se que, aqueles que não passaram da morte para a vida, que não estão vivos para Deus, são "o mundo". Nós podemos aprender o mesmo, dessas palavras, no capítulo quinto, verso dezenove: "Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno". Aqui, "o mundo" significa plenamente, aqueles que não são de Deus, os quais, conseqüentemente "jazem na malignidade".
7. Estes, pelo contrário, são de Deus, amam a Deus, ou pelo menos, "temem a ele, e guardam seus mandamentos". Esse é o caráter menor dos que "são de Deus"; que não são propriamente filhos, mas servos; que renunciam do mal, e visam fazer o bem, e caminhar em todas as ordenanças, porque eles têm o medo de Deus em seus corações, e um sincero desejo de agradar a ele. Fixem em seus corações, esse significado claro, "o mundo": aqueles que também não temem a Deus. Não deixem que alguém os engane com palavras vãs: ele não significa nem mais, nem menos do que isso.
8. Mas, entendendo o termo, nesse sentido, que tipo de amizade podemos ter para com o mundo? Nós podemos, e nós devemos amá-los como a nós mesmos; (já que eles estão incluídos, também, na palavra próximo); ter para com eles afeição verdadeira; desejar a felicidade deles, assim como, sinceramente, desejamos a felicidade de nossas próprias almas; sim, termos um senso de honra para com eles (uma vez que nós somos aconselhados pelo Apóstolo a "honrar todos os homens"), como criaturas de Deus; mais ainda, como espíritos imortais, que são capazes de conhecer, de amar, de regozijar-se com ele, para toda a eternidade. Nós os honraremos como redimidos pelo sangue dele, que "provou a morte por causa de todo o homem". Nós temos de levar, até eles, a compaixão terna, quando os vemos abandonados à própria sorte, perambulando, pelos caminhos da vida, e apressando-se para a destruição eterna. Nunca devemos estar propensos a afligir os espíritos deles, ou causar-lhes algum sofrimento; mas, ao contrário, dar a eles todo o prazer que nós inocentemente pudermos; vendo que nós devemos "agradar a todos os homens para o bem deles". Nunca deveremos agravar suas faltas; mas estarmos dispostos a reconhecer todo o bem que existe neles.
9. Nós podemos e devemos falar com eles, em todas as ocasiões, da maneira mais gentil e prestativa que pudermos. Não devemos falar mal deles, quando eles estão ausentes, a menos que esse seja o único modo de prevenir que eles se machuquem: Pelo contrário, nós devemos falar com eles, com todo o respeito que pudermos, sem transgredirmos os limites da verdade. Nós devemos nos comportar com eles, quando presentes, com toda a cortesia, mostrando a eles todo o cuidado que temos, sem nos assemelharmos a eles no pecado. Nós devemos fazer a eles todo o bem, que estiver em nosso poder; todos os que eles estiverem dispostos a receber de nós; seguindo, nisso, o exemplo do Amigo universal, nosso Pai que está nos céus, quem, até que eles se dignem a receber as bênçãos maiores, dá a eles tais que eles estejam de boa-vontade para aceitar; "porque o sol do Senhor se levanta para o mau e o bom", e a sua "chuva sobre o justo e o injusto".
10. "Mas que tipo de amizade nós não devemos ter para com o mundo? Nós não podemos conversar com o iníquo afinal? Nós devemos evitar totalmente a companhia deles?". De maneira alguma! O contrário disso é que é permitido. Se nós não podemos conversar com eles, afinal, "nós precisamos ir embora do mundo!". E, então, não poderemos mostrar a eles esses ofícios divinos da delicadeza, que já foram mencionados. Nós podemos, sem dúvida, conversar com eles, Primeiro, sobre negócios; nos propósitos diversos dessa vida, de acordo com a situação nesse sentido, onde a providência de Deus tem nos situado; Segundo, quando a cortesia requerer tal procedimento; apenas tomando muito cuidado para não levar isso muito longe; Terceiro, quando nós tivermos a esperança razoável de fazer o bem a eles. Mas aqui também nós temos necessidade de precaução, e de muita oração; caso contrário, nós podemos facilmente queimar a nós mesmos, ao nos esforçarmos para arrancar outras brasas fora do fogo.
11. Nós podemos ferir nossas próprias almas facilmente, nessa aproximação mais íntima com alguém que não conhece a Deus. Essa é a amizade que é "inimizade com Deus": Nós não podemos ficar demasiadamente aflitos por nós mesmos, a fim de que não caiamos nessa armadilha mortal; para que não contraiamos, ou sempre que estamos cientes, um amor de complacência ou de prazer neles. De maneira que devemos apenas pisar em alicerce seguro; quando nós podemos dizer como o salmista: "Todo meu prazer está nos santos que estão sobre a terra, e nos que se distinguem em virtude". Nós não devemos ter conversas supérfluas com eles. É nosso dever e nossa sabedoria estar com eles o estritamente necessário. E durante todo o tempo, precisamos nos lembrar de seguir o exemplo dele que diz: "eu mantenho minha boca, como se ela estivesse com rédeas, enquanto o descrente está à vista". Nós devemos não entrar em qualquer espécie de ligação com eles, além do que é absolutamente necessário. Quando Jeosafá se esqueceu disso, e formou uma conexão com Ahab, qual foi a conseqüência? Ele primeiro perdeu seu material: "os navios" que eles enviaram "foram quebrados em Eziom-Geber". E, quando ele não estava satisfeito com esse aviso, tanto quanto o do profeta Miquéias, a não ser subir com ele para Ramote-Gileade, ele esteve a ponto de perder sua vida.
12. Sobretudo, nós devemos estremecer, diante da idéia de contrair matrimônio, a mais íntima das ligações, com alguém que não ama, ou pelo menos, não teme a Deus. Essa é a mais terrível tolice, a mais deplorável loucura, que um filho de Deus pode possivelmente se lançar; já que implica em toda a sorte de conexão com o descrente, o qual o cristão é compelido, pela consciência, evitar. Não é de se admirar, então, que isso seja, tão redondamente, proibido por Deus; que a proibição seja tão absoluta e decisiva: "Não esteja desigualmente unindo a um incrédulo". Nada pode ser mais categórico. Especialmente, se nós entendermos pela palavra "incrédulo" alguém que está tão longe de ser um crente no sentido bíblico, — de poder dizer: "A vida que eu agora vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e deu a si mesmo por mim" – que ele não tem, nem mesmo, a fé de um servo: ele não "teme a Deus e não opera a retidão".
13. Mas quais as razões para que a amizade com o mundo seja tão absolutamente proibida? Por que nós somos requeridos, tão estritamente, a nos abster dela? Por duas razões principais: Primeiro, porque é um pecado em si mesmo; e, de certo, um pecado, sem matiz algum comum. De acordo com os escritos de Deus, a amizade com o mundo, não é menos do que o adultério espiritual. Todo aquele que é culpado disso é endereçado, pelo Espírito Santo, nesses termos: "Vocês, adúlteros, e adúlteras". É uma completa violação ao nosso contrato de casamento com Deus, por amar a criatura mais do que o Criador; na contradição plena a esse tipo de mandamento: "Meu filho, dê-me teu coração".
14. É um pecado da natureza mais abominável, não apenas implicando a ignorância de Deus, e esquecimento dele, ou desatenção para com ele, mas a evidente "inimizade contra Deus". É abertamente, palpavelmente assim: "Você não sabe", pergunta o apóstolo, (possa você possivelmente ser ignorante dessa verdade, tão clara, tão incontestável) "que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?". Mais do que isso, quão terrível é a conclusão, que se extrai disso! "Entretanto, quem quer que seja amigo do mundo", — (as palavras, propriamente traduzidas são, Quem quer que deseje ser amigo do mundo), do homem que não conhece a Deus, quer ele atinja a isso ou não, — é, sem discussão, constituído um inimigo de Deus. Esse mesmo desejo, se bem sucedido ou não, dá a ele o direito a essa denominação.
15. E como é um pecado, um pecado odioso, em si mesmo, então, é atendido com as conseqüências mais drásticas. Ele freqüentemente envolve os homens novamente no cometimento daqueles pecados dos quais "eles haviam escapado, limpos". Ele geralmente os torna "cúmplices dos pecados de outros homens", mesmo daqueles que eles mesmos não cometeram. Ele gradualmente diminui a aversão e o receio deles, no pecado, em geral, e, por meio disso, os torna presas fáceis, para qualquer tentação forte. Os torna suscetíveis a todos aqueles pecados da omissão, a respeito do que, o entendimento mundano dele é culpado. Ele insensivelmente diminui a precisão deles, nas orações pessoais, nos deveres familiares, nos jejuns, no atendimento do serviço público, e como participantes da Ceia do Senhor. A indiferença daqueles que estão perto deles, no que se refere a todos esses, irá gradualmente influenciá-los: Mesmo que eles não digam palavra alguma (o que apenas se supõe), para recomendar a própria prática deles; ainda assim, o exemplo deles fala, e, em muitas vezes, é de mais força do que qualquer outra linguagem. Por esse exemplo, eles são, inevitavelmente, induzidos ao erro, e quase continuamente, às improdutivas, e não generosas conversas; até que eles não mais "vigiam suas bocas, e mantêm seus lábios fechados"; até que eles possam tomar parte, em calúnia, mexerico, e conversas maldosas, sem qualquer repressão da consciência; tendo tão freqüentemente afligido o Espírito Santo, que ele não mais os reprova por isso: De tal maneira, que o discurso deles não é agora, como anteriormente, "temperado com sal, e apropriado para ministrar a graça para os ouvintes".
16. Mas essas não são todas as conseqüências mortais que resultam de sua relação familiar com os homens profanos. Ela não apenas os impede de agirem corretamente, mas, indiretamente, tende a corromper o coração. Tende a criar ou aumentar neles todo o orgulho e auto-suficiência, todo aquele mau humor para guardar rancor, sim, toda paixão irregular e disposição errada, que são favorecidas pelas suas companhias. Ela gentilmente os conduz ao comodismo habitual, e à relutância para negar a si mesmos; à falta de prontidão para suportar e carregar qualquer cruz; à fraqueza e indulgência; à vergonha diabólica, e o medo do homem, que trazem incontáveis armadilhas. Ela os conduz de volta ao amor do mundo; aos desejos tolos e danosos; ao desejo da carne, o desejo dos olhos, e do orgulho da vida, até que eles são tragados por eles. De tal maneira que, no fim, a condição final desses homens está muito pior do que a anterior.
17. Se os filhos de Deus se unirem aos homens do mundo, mesmo que os últimos não tentem torná-los como eles, (que é uma suposição, de nenhuma maneira, a ser feita); embora eles não tenham esse objetivo, nem esse desejo; ainda assim, eles verdadeiramente farão; quer planejem, quer se esforcem para isso, ou não. Eu não saberia dizer como, mas é um fato real, o de que os próprios espíritos deles sejam contagiosos. Enquanto vocês estão perto deles, vocês estão aptos a ser contagiados por seus espíritos, quer queiram, ou não. Muitos médicos têm observado que, não apenas a peste, e as febres pútridas e malignas, mas quase todas as doenças, os homens são propensos a se infectarem mais, ou menos. E, sem dúvida, assim, são todas as doenças espirituais, apenas que com grande variedade. A infecção não é, tão prontamente, transmitida por alguns, como é por outros. Em qualquer um dos casos, a pessoa, já adoecida, não deseja ou planeja infectar outra. O homem que tem a doença não deseja ou pretende transmitir sua enfermidade a vocês. Mas, vocês não estão, entretanto, a salvo: então, mantenham-se à distância, ou vocês certamente serão contagiados. A experiência não mostra que acontece o mesmo com as doenças da mente? Supondo-se que o orgulhoso, o presunçoso, o passional, o libertino, não desejem ou planejem contaminar vocês com suas próprias enfermidades: mesmo assim, o melhor é se manterem à distância deles. Vocês não estão a salvo, se vocês se mantiverem muito perto. Vocês irão perceber (é bom, se não for demasiado tarde) que até mesmo a respiração deles é infecciosa. Recentemente, foi descoberto que há uma atmosfera, ao redor de todo corpo humano, que naturalmente afeta qualquer um que entra nos limites dela. Não existe alguma coisa análoga a isso com respeito ao espírito humano? Se você persistir dentro da atmosfera deles, por assim dizer, você pode dificilmente escapar de ser contagiado. O contágio espalha-se de alma para alma; tanto quanto de corpo para corpo, até mesmo das pessoas doentes que não pretendem ou desejam isso. Mas é razoável se supor isso? Não é uma verdade notória que os homens do mundo (com exceção de alguns poucos) ansiosamente desejam fazer seus companheiros como eles mesmos? Sim, e usam todos os meios, com a mais extremada habilidade e diligência, para executarem o desejo deles. Assim sendo, fujam, para suas vidas! Não brinquem com o fogo, mas escapem antes que as chamas ateiem fogo sobre vocês.
18. Mas quantos são os pretextos para a amizade com o mundo! E quão fortes são as tentações para isso! Algumas dessas que são mais perigosas, e, ao mesmo tempo, as mais comuns, nós iremos considerar: Vamos começar com uma que é a mais perigosa de todas as outras, e, ao mesmo tempo, de maneira nenhuma, incomum. "Eu admito", diz alguém, "que a pessoa com que eu vou me casar não é uma pessoa religiosa. E não tem qualquer pretensão a isso. Nem o menor pensamento a respeito. Mas é uma criatura bonita. Extremamente agradável, e, eu penso, que será uma companhia adorável para mim". Isso é uma cilada, realmente! Talvez, uma das maiores que a natureza humana esteja sujeita. É tal tentação, que nenhum poder do homem é capaz de superar. Nada menos, do que o Onipotente poder de Deus, pode encontrar um caminho para vocês escaparem dela. E isso pode trabalhar uma libertação completa: A graça de Deus é suficiente para vocês. Mas, não, a menos que vocês trabalhem junto com ele: Não, a menos que vocês neguem a si mesmos, e tomem a sua cruz. E o que vocês têm de fazer, devem fazer imediatamente! Nada pode ser feito por escalas. O que quer que vocês façam, nesse importante caso, deve ser feito de uma só tacada. Se tiver que ser feito, afinal, vocês devem, imediatamente, cortar o mal pela raiz, e atirá-lo longe de suas vistas! Aqui, não há tempo para conferenciarem com a carne e o sangue! Imediatamente, conquistem, ou pereçam!
19. Deixe-nos pagar na mesma moeda. Suponha que uma mulher que ama a Deus é endereçada por um homem agradável; distinto, espirituoso, divertido, ajustado para ela, em todos os aspectos, embora não no religioso: O que ela deveria fazer nesse caso, se ela acredita que a Bíblia é suficientemente clara? Esse não é um teste muito severo, para a fraqueza humana? Quem é capaz de permanecer em tal experimento? Quem poderá resistir a tal tentação? Ninguém, a não ser aquele que se segurar na proteção da fé rapidamente, e, sinceramente clamar ao mais Forte por força. Ninguém, a não ser aquele que vigiar a si mesmo e orar, e continuar, nisso com toda perseverança. Se ela fizer isso, ela será uma testemunha feliz, no meio de um mundo incrédulo, de que "todas as coisas são possíveis com Deus", assim, todas "as coisas são possíveis a ela que crê".
20. Mas tanto um homem, quanto uma mulher podem perguntar: "O que fazer, se a pessoa que busca minha familiaridade, é uma pessoa de um entendimento natural forte, cultivado por aprendizados diversos? Eu não poderia obter um conhecimento mais útil, através dessa relação familiar com ela? Eu não poderia aprender muitas coisas com ela, e melhorar muito meu próprio entendimento?". Sem dúvida, você pode melhorar seu próprio entendimento e obter mais conhecimento. Mas, ainda assim, se esse alguém não tiver o menor medo de Deus, sua perda será ainda maior do que seu ganho. Já que você dificilmente poderá evitar decrescer, em santidade, tanto quanto você aumenta em conhecimento. E se você perder um grau que seja, da sua santidade interior e exterior, todo o conhecimento que você adquiriu não terá valido a pena.
21. "Mas esse entendimento refinado e forte, melhorado pela educação, não é a recomendação principal dele. Ele tem mais qualificações valiosas do que essas: Ele é notavelmente bem humorado; ele é um espírito humano compassivo, humanitário; e tem muita generosidade em seu temperamento". Levando tudo isso em conta, se ele não teme a Deus, ele é infinitamente mais perigoso. Se vocês conversam com alguém com esse caráter, vocês irão certamente beber em seu espírito. É dificilmente será possível a vocês evitarem parar justo onde ele parou. Eu não encontrei alguém na minha vida, que fosse mais difícil de converter do que os desse tipo (boa espécie de homens, como eles são comumente chamados), sem ter sido machucado por eles. Precavenham-se deles! Conversem com eles, tanto quanto os negócios requeiram, e não mais: Do contrário, (embora vocês não percebam algum dano presente, ainda), por graus vagarosos e imperceptíveis, eles os prenderão novamente às coisas terrenas, e sufocarão a vida de Deus em suas almas.
22. Pode ser que pessoas, que estejam desejosas da familiaridade de vocês, embora elas não sejam experimentadas na religião, ainda assim, entendam isso bem, de maneira que vocês, freqüentemente, tiram proveito da conversa delas. Se esse for realmente o caso, (como eu conheço alguns poucos exemplos desse tipo), significa que vocês podem conversar com elas; apenas muito frugalmente e muito cautelosamente. Do contrário, vocês irão perder mais da vida espiritual de vocês, do que todo o conhecimento que vocês ganharam seja equivalente.
23. "Mas as pessoas em questão são úteis a mim, ao exercerem meu trabalho secular. Mais do que isso, em muitas ocasiões, elas são imprescindíveis; de maneira que eu não posso exercê-los sem a ajuda delas". Exemplos desse tipo, freqüentemente, ocorrem. E isso é, sem dúvida, razão suficiente para se ter alguma relação, talvez, freqüentemente, com homens que não temem a Deus. Mas, mesmo isso, é, de nenhuma maneira, razão para que você contraia uma familiaridade íntima com elas. E você aqui precisa tomar o mais extremo cuidado, "a fim de que, mesmo por esta conversa com eles, o qual é necessária, enquanto sua fortuna no mundo aumenta, a graça de Deus deva decrescer em sua alma".
24. Pode haver uma razão mais plausível, dada para algumas dessas amizades íntimas com o homem profano. Você pode dizer: "Eu tenho sido útil a ele. Eu o tenho assistido, quando em dificuldades. E ele se lembra disso com gratidão. Ele me considera e me ama, embora ele não ame a Deus. Eu não devo, então, amá-lo? Eu não devo retornar amor, por amor? Não me nivelo aos pagãos e publicanos, assim?". Eu respondo que você deve retornar amor com amor; mas não implica que você deva ter alguma intimidade com ele. Isto colocaria em perigo a sua alma. Deixe seu amor, por si mesmo, dar abertura, na oração constante e fervorosa. Não lute com Deus, por causa dele. Mas não deixe seu amor por ele levar você tão longe, a ponto de enfraquecer, se não, destruir sua própria alma.
25. "Mas não me é permitido ser íntimo com minhas relações; e isto, quer temam a Deus ou não? Não tem a Providência dele recomendado isso a mim?" De certo, tem: mas existem relações mais próximas ou mais distantes. A mais próxima das relações é a de maridos e esposas. Quando esses tomam um ao outro, para o melhor e para o pior, eles devem fazer o melhor que puderam; vendo que Deus os uniu, e ninguém pode separá-los; a menos, em caso de adultério, ou quando a vida de um ou de outro está em iminente perigo. Os pais são quase tão proximamente ligados com seus filhos. Você não pode separá-los, enquanto eles são jovens; sendo seu dever "educá-los", com todo cuidado, "no caminho por onde eles devem ir". Quão freqüentemente, você deve conversar com eles, quando adultos, é determinado pela prudência cristã. Isso também irá determinar, quanto tempo é oportuno para as crianças, se for da escolha própria deles, permanecer com seus pais.
26. Mas entendendo que "a amizade do mundo é inimizade contra Deus", e, conseqüentemente, que o caminho mais excelente, de fato, o único caminho para os céus, é evitar toda intimidade com homens profanos; ainda assim, quem decide caminhar dessa maneira? Quem, mesmo desses que amam ou temem a Deus? Porque esses apenas se ocupam da presente questão. Poucos eu soube que, mesmo nesse respeito, foram luzes, em uma terra ignorante; que nunca contraíram, ou poderiam contrair alguma familiaridade com pessoas de entendimento mais refinado e culto, com o mais atrativo temperamento, meramente, porque eles eram do mundo, porque eles não eram vivo para Deus: sim, embora eles fossem capazes de melhorar o conhecimento deles, ou de assisti-los em seus negócios: Mais ainda, embora eles os admirassem e estimassem, por essa mesma religião, a qual eles mesmos não experimentaram: Um caso que alguém dificilmente pensaria ser possível, mas do qual existem muitos exemplos até esse dia. Relações familiares, mesmo com esses, eles firmemente e resolutamente refreiam, por causa da consciência.
27. Vá e faze da mesma forma; quem quer que tu sejas, que sejas um filho de Deus pela fé! O que quer que isso custe, foge do adultério espiritual. Não tenhas amizade com o mundo. Como quer que sejas posto à prova, por proveito ou prazer, não contraias intimidade com homem algum, apegado às coisas mundanas. E se tu já tens contraído alguma, rompe com ela, sem demora. Sim, se teu amigo profano for querido por ti, como um olho direito, ou útil, como a mão direita, ainda assim, arranca fora teu olho direito, e corta fora tua mão direita, e atira-os longe de ti! Não é uma coisa indiferente. Tua vida está em perigo; vida eterna, ou morte eterna. E não é melhor seguir na vida tendo um olho e uma única mão, do que ter ambos, e ser lançado no fogo do inferno? Quando tu não sabias o certo, nos tempos da ignorância, Deus fez de conta que não viu. Mas, agora, teus olhos estão abertos; agora a luz veio; caminha na luz! Não toca em piche, a fim de que não te sujes. Em todos os eventos, "mantém-te puro!".
28. Mas, o que quer que os outros façam; se eles irão ouvir, se eles irão reprimir, ouçam isso, todos vocês que são chamados Metodistas! De qualquer modo, importunados ou tentados por isso, não tenham amizade com o mundo. Olhem em volta, e vejam os efeitos melancólicos que isso tem produzido entre os irmãos! Quantos do poderoso estão caídos! Quantos caíram por esse mesmo motivo! Eles não aceitariam advertência alguma: Eles conversariam, e intimamente, com homens mundanos, até que eles "recuassem à terra novamente!". Ó, "saia do meio deles!". Do convívio com todos os homens profanos, por mais inofensivos que eles possam parecer; "e mantenham-se, separados"; pelo menos, longe o suficiente para não ter intimidade com eles. Como sua "camaradagem é com o Pai, e com seu Filho, Jesus Cristo"; então deixem-na para aqueles que, pelo menos, buscam o Senhor Jesus Cristo, na sinceridade. De modo que "vocês sejam", em um sentido peculiar, "meus filhos e minhas filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso".
Editado por Shawn Dae Riley e Amy J. Riley, com correções por Ryan Danker e George Lyons for the Wesley Center for Applied Theology, em Northwest Nazarene University.
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