3 – DO FINAL DO CULTO

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 4 – DO FINAL DO CULTO.


4.1 DA FINALIZAÇÃO DO TEMA - Tão importante quanto escolher o Tema é como finalizá-lo. A última frase a ser dita é que acompanhará o ouvinte necessitado. É nela que ele lembrará toda vez que recordar do sermão, por esta razão não fuja do tema central. Nunca faça anúncios ou reuniões, em nenhuma hipótese, após o término do sermão. Sempre que possível, conclua com uma experiência-impacto, que é aquela que sintetiza tudo que foi dito. Nunca diga “Já vou terminar”. Mesmo que olhe para o relógio, não chame a atenção para isso. Seja o último a falar e a encerrar. É essa impressão que será levada para casa.


4.2  DA DESPEDIDA NA PORTA DA IGREJA – De que adianta um sermão em que o pregador chega a chorar, se na hora de apertar a mão na despedida ele está rindo, com piadinhas e numa postura totalmente censurável?  E quando aperta a mão de um e fala com outro, num descaso total? Neste caso não é um pregador, é apenas um apertador de mãos. 


Talvez uma mãozinha mecânica faria melhor. O aperto de mão na saída da Igreja é tão importante como tudo o que aconteceu antes. O pregador deve prestar a atenção em todos que se despedem, como se somente estivesse ali aquele que lhe aperta a mão. Deve ouvir rapidamente e solicitar que aguarde um pouco se houver demora na conversação. Deve desejar um “Feliz Sábado”, alternando com “Deus te abençoe”, ou outras expressões semelhantes, sempre dando preferência de chamar pelo nome os que são conhecidos, não esquecendo do irmão ou irmã antecedendo ao nome. 


Nunca desprezando o aperto de mão de uma criancinha, de um muito pobre e de um idoso. Ninguém deverá ser esquecido, não importando se está no sol ou sob um guarda-chuva. O pregador não deve ter pressa de ir embora, porque sua missão só termina quando o último sair. Deve olhar nos olhos das pessoas e dar a atenção devida. Ali também podem acontecer decisões.


4.3  AO SER ELOGIADO – Nunca pense que nós somos capazes de fazer um sermão que valha a eternidade. Podemos fazer lindos sermões, podemos fazer emotivos sermões, mas não podemos fazer sermões para decisões eternas. Só o Espírito de Deus pode nos inspirar esses sermões. 


Não há nenhum mérito nosso nisso. Aquele que é inspirado não deve cultivar o orgulho sobre isso, mas deve ficar exultante porque pode ter sido um instrumento nas mãos de Deus. É um privilégio participar dessa obra, só a eternidade o revelará profundamente. Ao ser elogiado, diga, meu irmão, que está muito feliz por ter sido um instrumento inspirado. Não há nenhuma outra verdade além dessa.


5 – BELOS DISCURSOS OU COMO SALVAR QUEM PRECISA OUVIR.


De que adianta um sermão sobre o amor de Deus feito por alguém que não está sentindo o amor de Deus?  Não seria o mesmo que cantar um hino triste sorrindo ou um hino alegre chorando? Um sermão não é para apresentar nossa intelectualidade, mas para salvar. Salvar para a vida eterna.


As pessoas não vêm à igreja para ouvir sermões somente, mas para receber uma resposta aos seus problemas, encontrar Deus. Deus deverá ser encontrado em seus sermões, irmão.


Uma pérola sagrada: Veja o que a irmã E. G. White diz em Obreiros Evangélicos, pág. 152:


“Os homens que assumem a responsabilidade de apresentar ao povo a palavra provinda da boca de Deus, tornam-se responsáveis pela influência que exercem em seus ouvintes. Se são verdadeiros homens de Deus, saberão que o objetivo de pregar não é entreter. Não é meramente fornecer informações, nem convencer o intelecto.


A pregação da palavra deve apelar para a inteligência, e comunicar conhecimento, mas cumpre-lhe fazer mais que isso. A palavra do pastor, para ser eficaz, tem de atingir o coração dos ouvintes. Não deve introduzir histórias divertidas na pregação. Cumpre-lhes esforçar-se por compreender a grande necessidade e anelo da alma. 


Ao achar-se perante sua congregação, lembre-se de que há entre os ouvintes pessoas em luta com a dúvida, quase em desespero, quase sem esperança; pessoas que, constantemente assediadas pela tentação, estão combatendo um duro combate contra o adversário das almas. Peça ele ao Salvador que lhe dê palavras que sirvam para fortalecer essas almas para o conflito contra o mal”.


5.1  O VOCABULÁRIO CONDIZENTE   


Não precisamos usar palavras que poucos irão compreender. O nosso linguajar deve ser de acordo com o público. Se o público é mais sofisticado, podemos aumentar o nível do palavreado adequando-o, mas o mais importante é comunicar e comunicar o desejo de que Deus quer salvá-los. De que adianta um sermão lindo que todos esquecem ao sair, passa a ser mais um discurso do que um sermão. 


Sermão é para salvação e não para demonstrar nossa capacidade e nosso conhecimento. Paulo, que era muito culto, disse em Romanos 9: 19 a 22: “19. Pois, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos para ganhar o maior número possível: 20 Fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse eu debaixo da lei (embora debaixo da lei não esteja), para ganhar os que estão debaixo da lei; 21 para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. 22 Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.”


Não é condizente com o lugar que se adora a Deus um linguajar chulo, com gírias, muito menos o uso de “né?”,  “entendeu?”. Aprender a desenvolver um linguajar sem esses cacoetes é compreender que no público tem todo tipo de pessoas, inclusive aquelas que não estão habituadas a esses tipos de palavras. A aplicação de certas palavras corretamente. O dicionário registra que podemos usar tanto anciões como anciãos. No entanto, o plural de sermão é sermões e não sermãos. O consagrado uso, especialmente em orações, de “vir de encontro às nossas necessidades” (seria isso um choque) em lugar do correto “vir ao encontro de nossas necessidades”. O primeiro uso totalmente errado.  


Mas este é o mais importante ponto a ser considerado num pregador. Não é o fato de não ter o pregador a oportunidade de ter estudado que irá diminuir a importância de sua pregação. Deus não vê como o homem vê.  Mas se podemos oferecer algo melhor para Deus, devemos estudar e aprimorar os nossos conhecimentos.  Ele merece o melhor de nós.


5.2 - TEMAS POLÊMICOS.   


A Igreja não é lugar de se expor nossas próprias idéias ou idéias de outras pessoas que não coadunam com a doutrina.  O manual da igreja diz na página 214: “Nenhum ministro, ancião de igreja ou outra pessoa tem o direito de fazer do púlpito um foro para defender pontos controversos de doutrina ou de procedimento. A Igreja não confere a pessoa alguma o direito de expor seus pontos de vista pessoais dessa maneira.”  


Da mesma forma, não devemos usar o púlpito para falar mal de outras igrejas, mas se tivermos de abordar temas proféticos que fatalmente tem de ser citadas outras igrejas, devemos sempre lembrar-nos de que pode estar sentado alguém que pode ser ferido se não soubermos dosar as palavras. 


Deixe o convencimento com o Espírito Santo, evite magoar as pessoas agredindo as suas denominações. O Pastor Graciliano sempre diz uma coisa muito interessante: “Por que escolher a pior forma de falar, se há outras tantas formas melhores de se dizer a mesma coisa?” Isso também serve para nós em nossos relacionamentos diários. Veja, por exemplo, se não é mais agressivo dizer: Irmão, Sábado não é dia de se ler jornal. Quando se pode dizer: Irmão, o Sábado ficará muito melhor se não lermos jornal, ouvirmos rádio e vermos televisão. 


5.3 - SEMPRE PRONTOS PARA REGISTRAR UM TEMA.  Seja num sonho de noite, seja na condução, sempre temos de anotar imediatamente uma grande idéia. Daniel sonhou e imediatamente registrou o sonho (escreveu logo) para não esquecer os detalhes (Veja em Daniel 7: 1). (Não transcrevi o texto bíblico de propósito).


5.4 – REGISTRAR O TEXTO BÍBLICO no sermão, transcrevendo-o na íntegra e com a localização na frente, impede que haja equívocos de citação errada, mas, sempre lembrando, que mesmo que transcrito é importante que haja a procura para leitura direta da Bíblia por parte dos irmãos de alguns textos. Pode ser um texto no início e outro no final.


5.5 – DA ÊNFASE.  Devemos pregar a uma pessoa só como se houvesse mil e devemos pregar a mil pessoas como se houvesse apenas uma. Em síntese, não se pode perder o entusiasmo apenas por ter um ouvinte e não se deve pregar a muitos sem perder a noção de que aquele sermão é para alguém que está ouvindo e que não sabemos quem é. Isso eu aprendi com o Pastor Rayol, que já dorme no Senhor.


5.6 – SELECIONAR  E COLECIONAR TEXTOS.   Não tenha pena de marcar sua Bíblia e os livros que forem lidos. Os textos mais importantes devem estar destacados. Pode ser um destaque na margem, embaixo (se pequeno texto) ou um colorido claro (tipo amarelo). Só cuidado para não marcar tanto que ninguém consiga lê-los mais. Na hora do sermão, mantenha todos os textos com pequenos papéis (marca-página) destacando a sua localização rápida na Bíblia e nos livros a serem lidos. 


O pregador deve ser um “colecionador” de textos. Os principais textos da Bíblia, do Espírito de Profecia e textos históricos, devem sempre estar ao alcance para rápida localização. Texto do Espírito de Profecia para guardar, por exemplo: “Cristo aguarda com fremente desejo a manifestação de Si mesmo em Sua igreja. Quando o caráter de Cristo se reproduzir perfeitamente em Seu povo, então virá para reclamá-los como Seus”. E.G.White, Parábolas de Jesus, pág. 69.


O pregador também deve ter a preocupação de não ser apenas um “colecionador” de textos. O conhecimento deve ser levado a todos da igreja. Guardar não significa não disponibilizar. De nada adianta saber todo o conhecimento do mundo se esse conhecimento não gerar benefício para o seu próximo. Ensine os mais jovens a sagrada missão de ser um pregador, disponibilize o conhecimento, mesmo que tome o cuidado para que não levem para suas casas e “esqueçam” de devolver. O conhecimento não é nosso, é um dom que Deus nos emprestou para levá-lo àqueles que necessitam aprender a salvar. 


5.7 – QUANTO TEMPO DEVE-SE LEVAR PARA CONSTRUIR UM SERMÃO? Um sermão pode levar uma vida toda, principalmente se ele conta a história de sua vida ou a de alguém. É sempre importante registrar todos os sermões que somos instados a fazer, completando-os no decorrer de nossa vida. Alguns serão feitos com mais rapidez, outros não terão prazo para terminar. Imagine quantos anos levei para ter as poucas experiências que aqui registro.


5.8 -  PREGADOR, UM ETERNO ESTUDIOSO:  


II Pedro 3: 18 – “antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. ...” 


Paulo, em Romanos 12, versículo 7, enfatiza:  “se ministérios, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina, esmere-se no fazê-lo.”


“Esmere-se”, diz Paulo. Pregar não é para demonstrar o cabedal de conhecimentos que temos, mas não devemos nunca deixar de estudar a verdade com o objetivo de salvar almas sedentas. Não precisamos conhecer a mentira para saber a verdade, basta saber a verdade bíblica. Falando sobre o esforço que temos de fazer para sempre obter mais luz, a irmã E. G. White declara em Obreiros Evangélicos, pág. 151 e 152:


“Nesta época de trevas morais, é preciso alguma coisa mais do que secas teorias para mover as almas. Os pastores devem manter ligação viva com Deus. Devem pregar como quem crê naquilo que diz. Verdades vivas, caindo dos lábios do homem de Deus, farão com que os pecadores tremam, e os convictos exclamem: O Senhor é meu Deus; estou resolvido a colocar-me inteiramente do lado do Senhor.


O mensageiro de Deus nunca deve deixar de esforçar-se por obter mais luz e poder. Ele deve lidar sempre, orar sempre, sempre esperar, por entre desânimos e trevas, decidido a adquirir um perfeito conhecimento das Escrituras, e a não ficar atrás em dom algum. Enquanto houver uma alma a receber benefício, ele deve avançar sempre com renovada coragem a cada esforço. 


Enquanto for verdade que Jesus disse: "Não te deixarei, nem te desampararei" (Heb. 13:5), e a coroa da justiça for oferecida ao vencedor, enquanto nosso Advogado interceder em favor do pecador, os ministros de Cristo devem trabalhar com esperançosa e infatigável energia, e perseverante fé”.


Nunca me esqueço, estava na estação de trem de Deodoro (Rio), quando o pastor da igreja de Nilópolis (não recordo o nome), desceu rápido as escadarias do lado oposto e sentando-se abriu um livro e ficou lendo, até que segui o meu caminho. Ele não me viu, nem soube que eu o observava. Todo pregador deve aproveitar as oportunidades para ler e aprender mais.


Não poderia deixar de acrescentar a urgência e a necessidade de que, em todas as nossas igrejas, tenhamos uma biblioteca, mesmo que com poucos livros. Não podemos justificar o fato das pessoas não terem acesso às mensagens de Deus só porque sejam pobres. Todo pregador deve se engajar nesse propósito. A pregação da Palavra não é somente para os que estão fora do arraial de Deus, mas também para fortalecer a nossa fé. 


É uma grande responsabilidade ser um pregador, tendo ou não cargo na igreja e deixar este tema em segundo plano. Muitos justificam que os livros são emprestados e não retornam, mas posso garantir que, se apenas um só livro retornar, já será válido o investimento. Que Deus lhe inspire a meditar neste tema. Uma biblioteca na igreja com os livros do Espírito de Profecia irá consolidar a fé de muitos e os envolvidos verão como ganharam com isso. 


Todo pregador deve ser um estudioso e um propagador da necessidade de todos serem estudiosos primeiramente da Palavra e também nas matérias escolares. Seja um sedento por saber. Nunca se contente com o que sabe. Busque sempre, busque sempre o saber que o levará à eternidade junto ao Nosso Salvador.


Recordo de um sermão em que o pregador falava da rocha que Moisés bateu (Números 20:8) e as consequências desse ato. A grande lição era que Deus perdoa mas as consequências dos atos advêm.  Disse tudo, menos que ele não deveria bater porque a Rocha representava a segunda vinda de Cristo e que na primeira vez Deus havia mandado bater (Êxodo 17:6), na segunda não, pois a primeira rocha representava a primeira vinda de Cristo e a outra a segunda vinda de Cristo. São sermões que não são estudados. 


Tudo isso já temos no Espírito de Profecia (Veja Patriarcas e Profetas – “A rocha ferida”, pág. 411). Basta uma pequena pesquisa e já temos tudo. Não há desculpas para dizermos algo errado ou incompleto. Nós temos o privilégio de ter o Espírito de Profecia e os Comentários Bíblicos Adventista do Sétimo Dia, mesmo que em inglês e espanhol (não sei o porquê ainda não ter sido editado em português brasileiro), mas está disponível para todos na Internet. Sempre há um irmãozinho mais experiente que pode ser consultado e que terá o maior prazer em ajudar. 


5.9 – “IDE E PREGAI...”  Ser pregador do Evangelho é o único dom disponível para todos. Ninguém terá desculpa por não ter pregado a salvação. Dos quatro “T”, Tempo, Templo, Talento e Tesouro, o único que irá para a Nova Terra é o Talento. O tempo será eterno e não finito como o nosso atual. O templo, que é nosso corpo, será transformado. O tesouro daqui será destruído.  Este é o maior privilégio entregue nas mãos dos seres humanos. 


Na Nova Terra é que teremos a verdadeira dimensão desse privilégio de participar na obra da salvação de almas neste mundo de pecado. Veja que importante está escrito no livro Evangelismo (Aliás, merece ser lido todo), pág. 172: “Que privilégio o de trabalhar pela conversão de almas! Elevada é a nossa vocação. ... A fim de capacitar-nos para fazer este trabalho, o Senhor nos fortalecerá as faculdades mentais, tão certamente como o fez com a mente de Daniel. 


Ao ensinarmos os que jazem em trevas, a compreender as verdades que nos iluminaram a nós, Deus nos ensinará a compreender estas verdades ainda melhor, nós mesmos. Ele nos dará palavras adequadas para falar, comungando conosco por intermédio do anjo que está ao nosso lado. Manuscrito 126, 1902.”


5.10 – O MOMENTO DO APELO.  Este é o ápice de todo o culto. Todos têm um papel importante nesse momento sagrado. A  igreja deverá estar em espírito de oração, as crianças junto aos pais, os diáconos a postos, todos contritos para que o Espírito de Deus fale aos corações. 


Não é o apelo uma responsabilidade só do pregador, mas de todos. O ideal é que seja feito sempre ao final, mas nada impede que sejam feitos pequenos apelos durante o sermão, principalmente se o pregador sentir que Deus quer que seja em determinado momento.  


Um exemplo de apelo é:  Não vou perguntar ao irmão e à irmã quantas almas os irmãos ganharam este ano. Mas vou perguntar: Quantas almas os irmãos tentaram ganhar este ano? Esta é a pergunta que Jesus fará a cada um de nós.


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