10 – TUDO FAZ PARTE DO CULTO:
Tudo é parte do culto (cada detalhe). Pode ser esta a última oportunidade de alguém ouvir. Não faça sermão sem compromisso. As pessoas têm de sentir seu compromisso com Deus ao falar. Nenhuma pregação, mesmo quando tem poucas pessoas ou de última hora em algum lugar informal, é menos importante do que aquela que é feita num Sábado especial com toda a igreja lotada.
10.1 – COMO SE VESTIR E COMO SE PORTAR.
Quando eu fiz meu primeiro sermão, tinha 16 anos de idade. Meu pai comprou um paletó quadriculado numa loja de roupas usadas e eu fui todo entusiasmado para a igreja. Era uma tarde de sábado, um programa chamado Liga, posteriormente chamado de J.A. Fui anunciado pelo irmão Moacir Nery de Almeida, que hoje dorme no Senhor.
Levantei-me, achando que seria muito fácil, até que vi que todos olhavam para mim. Eram muito olhinhos. Todos esperavam o que eu tinha para dizer. Felizmente estava tudo escrito. Eu li o sermão sobre o amor de Deus e imediatamente sentei. Foi um sufoco, uma experiência que nunca mais me esqueci. Lembro também de uma vez que fui passar a Lição da Escola Sabatina Geral. Fiquei tão nervoso que comecei a lição sem orar.
Observei que um irmão nos fundos da Igreja fazia um sinal que só entendi quando uma irmã veio até mim e disse que estava faltando a oração. O que fazer? Pedi a irmã para orar. Hoje, já passados mais de trinta anos, ainda fico um pouco nervoso ao pregar, mas em seguida tudo volta ao normal. Um pouco de nervoso é normal. Mas a escolha da roupa deve ser a melhor, asseada e mais discreta possível. Deus não pede roupas caras, mas bem apresentável, o melhor que pudermos oferecer.
Um nó de gravata bem feito (todo pregador deve saber dar nó em gravata), os sapatos brilhando, são imperativos, mas nunca se esqueça de que não é para a roupa que deve ser chamada a atenção de quem irá ouvir. A máxima é, que não devemos ser os primeiros nem os últimos a adotar a moda honesta.
Pregue sempre com a sua melhor roupa. Mas lembre-se, a falta de dinheiro para comprar roupas não deve ser motivo de recusa para o trabalho de Deus. Hoje, em locais muito quentes, os irmãos já pregam só com camisa social e gravata, sem paletós. Enfim, vista-se como se fosse encontrar o Presidente da República. Deus merece e os irmãos agradecem.
10.2 – A ESCOLHA DO HINO INICIAL E FINAL.
Tanto o hino inicial como o final deverá ter relacionamento direto com o tema abordado. O hino inicial poderá ser mais animado que o final. O final deverá sintetizar toda a mensagem.
10.3 – A ORAÇÃO INICIAL E OS QUE FAZEM PARTE DO CULTO.
As pessoas que irão participar do cântico e aquele que irá contar a história das crianças deverão estar cientes da responsabilidade da apresentação. Com todo tato, diga que tem sempre o hábito de fazer uma oração com aqueles que irão participar do cântico, pois eles completam a mensagem na adoração, e que deverão sentir o Espírito Santo usando-os. Convide-os para participarem da oração que é feita antes da entrada na plataforma. O cântico e a história das crianças são partes importantes do culto. Fazem parte da mensagem.
10.4 – TENHA A SEQUÊNCIA DO CULTO ESCRITA EM PEQUENO PAPEL.
Muitas vezes a sequência do culto em nossas igrejas não é exatamente a mesma, por isso é importante tê-la escrita, pois facilita qualquer decisão de última hora.
10.5 – SAIBA PELO MENOS OS PRIMEIROS NOMES DOS QUE ESTÃO NA PLATAFORMA, se for preciso citá-los você não precisará perguntar. Isso poderá constar no papel do item anterior.
10.6 – OS IMPREVISTOS E IMPROVISOS
– Se cair o Sermão no Chão ou o vento o levar e misturar as folhas. O sermão deverá ter sido estudado e o esboço básico deverá estar na mente. Treine diante de um espelho antes. Não é uma peça teatral, apenas ajuda a lembrar. Mas se tiver alguma dificuldade, não deixe de numerar as folhas.
O ideal é que as folhas estejam grampeadas. Uma vez fui pregar na Igreja de Nova Iguaçu-RJ e esqueci o sermão em casa. Mas foi possível, pois Deus me lembrou de cada detalhe. Foi melhor do que se eu tivesse levado o sermão escrito. Deus sempre está na direção. Não tenha dúvidas disso.
Outra vez, estava no púlpito e já havia feito a invocação e a apresentação dos Dízimos e Ofertas, o Pastor, antes de anunciar a oração de joelhos, pediu oração da igreja para uma irmã e para um dos anciões que estava ao meu lado que completava naquele dia dezessete anos de casado. O Pastor chamou a esposa desse irmão para participar da oração. Terminada a oração, não me sentei e pedi a irmã para ficar ali no púlpito ao lado de seu esposo, após me retirei. É o típico improviso que dinamiza a igreja.
10.7 – SE FALTAR ENERGIA ELÉTRICA.
Isso é muito provável acontecer. Já vi, durante uma pregação à noite, faltar energia elétrica e o pregador continuou a pregar. O pior é que era um sermão baseado em slides.
Nesse caso, além de dominar o tema, o ideal é o pregador partir para contar experiências ou mesmo cantar um hino relacionado ao tema, aguardando a regularização da energia. Se demorar mais de dez minutos (pode ser menos, é apenas um parâmetro), encerre o sermão. Mas, dependendo da região onde estiver a igreja, só libere os irmãos quando estiver tudo claro. Este conselho também serve para dias de tempestades. Nisso também tem os dirigentes da igreja uma responsabilidade.
10.8 - A DENTADURA DO PREGADOR CAIU.
Esta história eu sempre ouvi na igreja contada por pessoas idôneas, apesar de eu não ter presenciado o fato, mas como é possível, fica como ilustração sobre o comportamento do pregador. Nesse caso o pregador pegou sua dentadura, limpou no terno e a recolocou na boca.
Em seguida ilustrou seu sermão com aquela queda. Essa capacidade de unir os fatos que ocorrem quando se está pregando é muito pessoal. A maioria fica nervoso, isso até é o normal. Mas não precisa se preocupar em prever todas as situações, não é possível. Apenas creia que Deus está na direção. Não se desespere, deixe tudo acontecer e intervenha quando necessário, voltando imediatamente ao tema central do sermão.
10.9 – CACÓFATOS.
Muito cuidado com os cacófatos, são frases que dão a impressão de estarmos dizendo coisas que não tínhamos a menor intenção de dizer. Exemplo: Em pleno Sábado, no início do culto, ao anunciar o hino o irmão diz: Vamos cantar o nosso hino – Dá impressão de estar dizendo: Vamos cantar o nó suíno (nó de porco). Assim vale também para os filhos teus – Dá a impressão de ser filisteus e outras expressões mais como “homem de pouca fé (pô café), “homem com fé demais (fede mais) ou com fé de menos (fede menos) e outras mais.
10.10 – A ORAÇÃO INICIAL E FINAL.
Esta oração é tão importante quanto o sermão todo. Nela deverá ficar resumida todas as necessidades dos ouvintes. Deus deverá ser adorado e honrado nela. A oração final não deverá ser longa, pois tudo que tinha que ser dito já foi falado. Como ensinado por Jesus, a oração deverá ser direcionada ao Pai e finalizada em nome de Jesus.
11 – E SE FOR INTERROMPIDO POR ALGUÉM?
11.1 – SEJA SEMPRE EDUCADO, o Cristão deve isso a todos. Paulo falou em Filipenses 4:5 – “Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens...” É assim que temos de ser conhecidos, pessoas moderadas, educadas. Mas ...
11.2 - ... NÃO DEIXE DESVIAR O TEMA CENTRAL. Se for possível, agradeça a quem interrompeu, esclareça rapidamente a dúvida (ou diga que irá pesquisar mais tarde) e volte imediatamente ao tema central, procurando ligar aquela intervenção com o sermão.
12 – CUIDADOS ESPECIAIS.
12.1 – ONDE DEVO COLOCAR A MÃO? Esta é sempre uma preocupação para quem está iniciando. Se não souber onde colocá-la, não a enfie no bolso, deixe-a pousada (não apoiada) sobre o púlpito. O ideal é que a mão fique parada, entreaberta com os dedos encostados, como fazem os diplomatas. Querendo usar as mãos para transmitir algo, ou apontar para a Bíblia, faça-o e imediatamente retorne para a posição original.
12.2 - O CUIDADO COM O PORTE. Nunca fique apoiado sobre o Púlpito ou sobre algum móvel. Dá a impressão de cansaço. Se preciso for, pregue sentado, mas nunca apoiado. Outra posição terrível é o pregador sentado na plataforma ou quem estiver com ele com as pernas cruzadas. Alguns usam a plataforma para ficar acenando para o próximo que vai fazer algo. Outros conversam e riem. Já vi dirigente de igreja sair e entrar tantas vezes do púlpito durante a pregação que o Pregador, que era visitante, numa das entradas do irmão, parou o sermão e perguntou se ele precisava de alguma ajuda. O Pastor até que foi delicado. Quem está sentado na igreja vê tudo isso, e o pior, é que Deus também vê. Pense nisso.
12.3 - O CUIDADO COM A RESPIRAÇÃO. A respiração é o segredo de muitos conseguirem falar bem durante muito tempo. Existem muitos exercícios respiratórios, mas o mais importante é respirar pela barriga (estômago), como fazem os nenéns e não pelo peito. Alguns comem cebola antes de falar, mas prejudica o hálito. Um bom remédio é borrifar a garganta com uma mistura de mel com própolis e água (melhor se o mel for da nossa Superbom).
12.4 - COMO USAR UM QUADRO-NEGRO. Quadro-negro que hoje é verde, branco e de outras cores. Mas o importante é que quando estiver escrevendo ou apontando para o quadro ou alguma figura, com uma régua ou uma caneta tipo laser, nunca fique na frente do público impedindo a visibilidade do que está sendo escrito ou mostrado. Sempre aponte ficando ao lado do que é para ser mostrado. Quem tem de ser visto pelos interessados é o assunto e não o irmão escrevendo.
12.5 – O USO DE TECNOLOGIAS. Uma vez fui pregar sobre o tema “Trindade” (vide cap. 3.4). Eram necessárias muitas passagens. Como seria impraticável ficar lendo direto da Bíblia, usei um retroprojetor. Isso facilitou muito, pois todas as passagens estavam já transcritas e prontas para serem lidas. Nesses casos, é sempre importante destacar as mais ligadas ao tema e nunca deixar de ler algumas com a igreja diretamente da Bíblia. Outras tecnologias poderão ser acrescentadas para facilitar a comunicação, inclusive a internet.
12.6 – PARA ONDE OLHAR. Não fixe os olhos em alguém ou em algum grupo. Olhe sempre para todos, inclusive de quando em vez para os que estão na plataforma. Se tiver alguma dificuldade nesse sentido, então fixe seu olhar num ponto mais acima da cabeça das pessoas, de maneira a dar a entender que olha para todos.
12.7 – A BÍBLIA QUE FICA SOBRE O PÚLPITO. Procure, assim que estiver no púlpito antes de ser anunciado, organizar seus papéis e a Bíblia que será usada. É normal querer usar a sua própria Bíblia, pois se está mais familiarizada com ela do que aquele Biblão que geralmente está sobre o púlpito. Mas, mesmo para tirar a Bíblia do púlpito, deve-se ter reverência com ela, colocando-a em local de destaque, nunca embaixo do púlpito.
Pode-se até mencionar para a igreja que a está tirando porque a Bíblia que o irmão usa já está devidamente marcada e preparada para aquele sermão. Não é porque não será usada naquele sermão que aquele Biblão deixou de ser a Palavra de Deus. Se não tiver onde colocá-la em destaque, deixe sob os cuidados de algum irmão que faz parte da plataforma.
12.8 – O CUIDADO COM O CUIDADO
– Parece um título estranho, não? No entanto, o maior perigo para aquele que passa a conhecer os erros que podem ser cometidos por outros, inclusive erros não relatados aqui, é passar a encontrá-los em todos os pregadores e deixar de assistir a mensagem. Encontrar erros passa a ser mais importante que encontrar Jesus no sermão. A mensagem pode vir de irmãos inexperientes, algumas vezes iletrados, sem um preparo como o que julgamos ter. Mas Deus os aceitam e os usam assim mesmo como são. Isto também é vigiar.